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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu América Latina

O Brasil sumiu

Escritor argentino retrata a América Latina sem o gigante

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Em "Ñamérica", o novo livro de Martín Caparrós, o Brasil sumiu. Ao abrir as primeiras páginas está lá o mapa: o gigante deitado em berço esplêndido foi varrido, restando uma enorme tripa de Ushuaia, na Argentina, até Tijuana, no México, incluindo as ilhas do Caribe. Não se trata de obra ficcional ou de antecipação histórica (na qual Bolsonaro teria alcançado seu objetivo de destruir totalmente o país).

Lançado no fim de 2021 em países de língua espanhola, "Ñamérica", com suas 680 páginas, é mais um tijolo de Caparrós —como "A Fome", traduzido entre nós em 2016— a misturar ensaio e reportagem. O autor percorreu 19 países que falam o mesmo idioma. Daí o título com que, utilizando a letra Ñ, resolveu rebatizar a América Latina. Todo o livro é uma viagem fascinante, e os capítulos sobre Caracas e Havana são particularmente indicados para quem vive nas redes sociais a criticar sem o menor conhecimento as duas cidades.

Mapa da América Latina sem o Brasil, do livro "Ñamérica" - Reprodução

O Brasil ficou fora da aventura não só por falar português. Para o escritor argentino, há fatores históricos e econômicos que justificam a exclusão: não nos dividimos como o restante da região; nosso PIB é bem superior ao dos vizinhos. Sobretudo existe uma razão cultural: "Temos pouca coisa a ver uns com os outros, não nos lemos, não nos conhecemos, não nos olhamos", afirma Caparrós.

Alguns políticos brasileiros pregam a abstração de existir no continente uma "Pátria Grande", única e indivisível. Nada é mais falso do que essa identidade, inventada por intelectuais e diplomatas franceses no século 19. Ao barrar o Brasil da festa, "Ñamérica" mostra a realidade para aqueles que se recusam a ver.

No entanto somos, sim, parecidos. No pior e mais perigoso. Em El Salvador —governado pelo autocrata Nayib Bukele—, jornalistas foram espionados pelo software Pagasus. É o mesmo que Carlos Bolsonaro tenta trazer para o país e usar como arma secreta nas eleições.

Capa do livro "Ñamérica", de Martín Caparrós - Reprodução

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