Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
Como Trump, Bolsonaro virou um pato manco
A prova de que o governo Lula já começou é o humor do mercado
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É rotina numa democracia: um governo entra, outro sai. Vida que segue, como gostava de dizer o João Saldanha. Menos no Brasil, depois dos quatro anos em que ficou entregue à sanha bolsonarista. Não há como contestar o resultado das eleições, reconhecidas pelo STF e o TSE, pelos presidentes da Câmara e do Senado e pelos principais líderes mundiais. No entanto, um grupo minoritário insiste em jogar o país na instabilidade, alimentando teorias conspiratórias de fraude.
Com problemas de saúde e desconectado das redes, Bolsonaro personifica hoje o lame duck (pato manco), expressão que nos Estados Unidos define um presidente que ainda está no cargo, mas não consegue governar por falta de força política. Sua única finalidade, ao endossar os atos antidemocráticos, é ter na mão a carta do terror. Se se sentir perseguido, ou descobrir que será preso, com seus filhos, estimulará novas badernas.
Adaptando a situação aos trópicos, o capitão repete a trajetória do ídolo Trump, que promoveu o fiasco da invasão ao Capitólio. No Bananão, o fracasso se expressa na reza e no choro de fanáticos que se ajoelham, encharcados de chuva e enrolados à bandeira nacional, diante dos quartéis, e na ação de empresários "patriotas" que financiam o bloqueio das rodovias.
De lá para cá, a diferença são as Forças Armadas, que não querem abandonar a picanha, o uísque e o viagra. Redigida a pedido de Bolsonaro, a nota do Ministério da Defesa a respeito da auditoria sobre as urnas eletrônicas é um primor de golpismo à brasileira. Diz que não encontrou qualquer indício de fraude nas máquinas; ao mesmo tempo, não descarta a possibilidade de ter havido fraude. É como afirmar que na cabeça do general Heleno não existe nada, mas que pode haver, procurando bem, algumas caraminholas.
A maior prova de que o governo Lula já começou é o humor do mercado. Antes calminho, agora nervosão.
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