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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Caso Marielle enlouquece Bolsonaro

Novo relatório da PF põe em xeque as instituições que antes investigavam o assassinato

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Na noite em que executou Marielle Franco e Anderson Gomes, o matador de aluguel Ronnie Lessa foi beber com amigos num badalado bar da Barra da Tijuca, sem ao menos se preocupar em esconder a arma do crime. Com ele, estava o comparsa Élcio Queiroz, que durante a farra vomitou três vezes, segundo declarou em sua delação premiada. Os dois encheram a caveira para celebrar a morte e o esquema de proteção de que desfrutavam para matar.

Os cinco anos que se passaram desde o início das investigações dos assassinatos —ligados a uma rede estruturada de tráfico de drogas e de armas, clubes de matadores, lavagem de dinheiro e formação de milícias paramilitares— impuseram, de acordo com a Polícia Federal, "limites intransponíveis" para a resolução do caso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante a filiação de Fernando Holiday e Lucas Pavanato, ex- MBLs, ao PL, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Apesar das recentes revelações, o desenlace depende agora de uma delação de Ronnie Lessa, vulgo Perneta. Em seu novo relatório, a PF afirma que os obstáculos se referem à falta de medidas concretas nas investigações, o que aponta para a contaminação das instituições, pondo em xeque a Polícia Civil, o Ministério Público e o governo do Rio de Janeiro. Não à toa Cláudio Castro —que usa as operações contra o crime como plataforma política— é a imagem do constrangimento com os avanços da Federal no caso.

Para ficar em um único exemplo: em 2021 Edimilson Oliveira da Silva, um sicário da milícia conhecido como Macalé, foi executado em Bangu. Na delação de Queiroz, Macalé surge como a pessoa que contratou Lessa para matar Marielle. A morte dele nem sequer foi investigada, em mais um elo perdido para se chegar ao mandante ou mandantes do atentado político.

Estranhamente o caso Marielle é uma ferida para Bolsonaro; não se pode tocar que ela abre. Só isso explica a exageração do já contumaz descontrole emocional do ex-presidente ao discursar esta semana na Câmara de São Paulo. Sobrou até para os jumentos, coitados.

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