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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Trump, Bolsonaro e o manual do golpe de Estado

Sobrevivência de populistas depende de militares, radicais, juízes e do establishment político

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Quando um governante não tem votos para ficar no cargo, ele pode sair de forma graciosa ou se agarrar à cadeira. Os autocratas que escolhem o segundo caminho costumam recorrer a um arsenal conhecido: 1) apoio dos militares; 2) mobilização de grupos partidários nas ruas; 3) colaboração do Judiciário; 4) adesão do establishment político.

Nem todas as armas precisam ser acionadas de uma vez, mas a combinação de algumas pode garantir a sobrevivência do derrotado. Nos EUA, Donald Trump arquitetou um plano para contestar a eleição e continuar na Casa Branca, mas deve ter dificuldade para preencher os requisitos desse manual do golpe de Estado.

Na esfera da força, o americano tem o apoio de extremistas que ele fez questão de afagar ao longo do mandato. Esses radicais são úteis para criar um ambiente de instabilidade que pode estimular a reversão do resultado das urnas. De outro lado, seria mais difícil contar com líderes militares, que já demonstraram incômodo com os métodos de Trump.

Falta proteção no campo institucional. O presidente ocupou espaços em tribunais federais e construiu uma maioria confortável na Suprema Corte. O Judiciário pode até legitimar questionamentos sobre a contagem de votos se Trump apresentar provas, mas há dúvidas sobre o grau de fidelidade dos juízes diante de um movimento golpista.

O americano também precisaria de respaldo do establishment republicano para sustentar um governo com origem na derrubada de uma apuração. Líderes do partido se dividiram quando Trump fez acusações vazias de fraude: Mitt Romney e Chris Christie foram críticos ao presidente, Lindsey Graham defendeu a tese, e muitos ficaram em silêncio.

O resultado dessa jogada pode dar pistas sobre o Brasil. Jair Bolsonaro tem chances de se reeleger, mas já deu sinais de que não pretende reconhecer uma derrota nas urnas. O presidente também dependerá da disposição dos generais, da agitação de seus radicais, da boa-vontade de juízes e do desejo do centrão.​

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