Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Bolsonaro não quer abrir mão de conservadores nem de radicais

Reação do presidente a ataques da ultradireita é sinal político relevante

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Sob fogo, Jair Bolsonaro correu para fazer um aceno aos segmentos mais conservadores de seu eleitorado. No púlpito de um templo da Assembleia de Deus, o presidente dobrou a aposta: prometeu nomear para o Supremo no ano que vem não apenas um ministro terrivelmente evangélico, mas um pastor, e sugeriu que as sessões do tribunal deveriam começar com uma oração.

O recado não era direcionado só a líderes e fiéis que acompanhavam o evento, na última segunda (5). Bolsonaro tenta mostrar aos militantes de sua base ideológica mais agressiva que mantém um compromisso com sua agenda, apesar da aproximação do governo com o centrão e da escolha de Kassio Nunes para o STF.

Apesar da aparente troca de pele, Bolsonaro sabe que não pode abrir mão nem dos 30% de brasileiros que se declaram evangélicos, nem dos líderes radicais que mobilizam as franjas dessa base. Não foi coincidência ele ter dito que está especialmente chateado com o pastor Silas Malafaia, autor recorrente de campanhas de mentira e ódio nas redes.

O próprio Bolsonaro se alimentou da fúria e da desinformação para vencer a eleição. É curioso, portanto, que ele tenha se incomodado com as críticas que recebeu nos últimos dias. "Baseado em que fato concreto você critica Kassio Nunes?", perguntou a um seguidor. "Você não procurou fontes sobre todas essas acusações", disse a outro.

Além dos ataques feitos pela base ideológica, a reação de Bolsonaro carrega sinais políticos relevantes. O governo, que já usou o peso de sua máquina para defender militantes radicais no STF, agora também não demonstra interesse em se afastar dos integrantes dessa linha.

O presidente quer manter o apoio de conservadores moderados e conquistar eleitores distantes dos extremos do debate público. Ainda assim, ele se recusa a tratar militantes de ultradireita como marginais. São eles os responsáveis por campanhas de linchamento virtual que ajudam o governo. Bolsonaro sabe que pode precisar deles nos tempos difíceis.

Bolsonaro com Wellington Bezerra da Costa - Marcos Corrêa/PR

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.