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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Kassio Nunes logo terá companhia no STF para fazer estragos

Bolsonaro trabalha para ocupar máquina pública com operadores ultraconservadores

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Quando procurava um nome para comandar a Ancine, ainda no primeiro ano de governo, Jair Bolsonaro não escondeu o perfil desejado. O presidente disse que o chefe da agência deveria andar com a Bíblia debaixo do braço, saber recitar 200 versículos e ter os joelhos machucados de tanto rezar.

Pode-se imaginar por que seu governo exigiria essa experiência tão peculiar de candidatos a gerenciar um órgão de incentivo ao cinema. A ocupação de espaços de poder por portadores de um currículo ideológico alinhado ao bolsonarismo sempre foi uma obsessão do presidente.

Bolsonaro transformou em projeto a confusão entre valores conservadores e as ações do governo. O objetivo é implantar à força nessa estrutura uma cultura da ultradireita.

A consequência é a ruína generalizada da máquina pública. O departamento bolsonarista de recursos humanos adotou como itens de suas entrevistas de emprego crenças exóticas como o antiglobalismo, o culto à cloroquina, o anticomunismo e o armamentismo. Só faltou procurar alguém que respeitasse as leis e soubesse o que está fazendo.

Essa invasão política ajuda Bolsonaro a manter coesa sua base eleitoral. Quanto mais ele esbraveja a favor das armas ou usa argumentos religiosos para atacar adversários, mais firme fica seu vínculo com os segmentos ligados a esses valores.

Os prejuízos coletivos aparecem em casos como a inútil discussão no STF sobre o fechamento de igrejas na pandemia. O ministro Kassio Nunes Marques ignorou o morticínio nacional e o risco de transmissão do vírus e disse que aquela medida era desproporcional.

Candidato ao tribunal na vaga reservada a um ministro “terrivelmente evangélico”, Augusto Aras afirmou que “o Estado é laico, mas as pessoas não são”. Seu principal concorrente, André Mendonça, citou versículos bíblicos e disse que os cristãos “estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião”.

Sozinho, Kassio já produz estragos, mas logo deve ganhar companhia.

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