Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Histórico do presidente complica promessas do candidato Bolsonaro
Desconfiança sobre Auxílio Brasil reflete situação em que o governante atrapalha a propaganda
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Só na primeira semana de propaganda eleitoral, a campanha de Jair Bolsonaro mandou veicular 21 vezes em cada emissora de rádio a promessa de manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem. Foram outras tantas inserções em cada canal de TV e mais três declarações ao vivo no debate do último domingo (28).
A insistência indica que o maior investimento do presidente na disputa pela reeleição parece ter se tornado um problema na etapa atual. Além não ter conseguido extrair ganhos políticos significativos até aqui, ele ainda precisa gastar energia para contornar a desconfiança de parte do eleitorado em relação ao aumento do benefício.
Bolsonaro está diante de uma situação em que o governante atrapalha a propaganda do candidato. Ao longo do mandato, o presidente semeou declarações antipáticas sobre ao auxílio emergencial, vacilou antes de criar um programa permanente e marcou os R$ 600 do Auxílio Brasil com um carimbo eleitoreiro.
A campanha de Bolsonaro se enrolou ainda mais depois que o governo enviou ao Congresso as contas de 2023 com a previsão de um benefício no valor de R$ 405. A ideia é convencer o eleitor de que será possível mudar a proposta até o fim do ano, mas credibilidade é um atributo em falta no comitê do PL.
O Datafolha mostrou que metade dos eleitores "nunca confia" nas declarações do presidente. O índice é maior na população mais pobre, foco do Auxílio Brasil: 58% não acreditam no que ele diz.
A cadeira de presidente costuma pôr em vantagem os candidatos à reeleição, mas Bolsonaro enfrenta o peculiar ônus do poder. A falta de um portfólio de realizações consistentes derruba o valor dos compromissos que ele tenta apresentar agora.
Outro dia, o presidente disse que o dinheiro para os R$ 600 do Auxílio Brasil no próximo ano sairia da venda de estatais. Já Paulo Guedes afirmou que os recursos viriam de uma reforma tributária. As duas medidas estavam no plano de governo da campanha de Bolsonaro em 2018.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters