A aposta de Jair Bolsonaro na reativação do antipetismo deve fazer com que os índices de rejeição se tornem uma métrica importante das próximas semanas. Com dificuldade para melhorar a avaliação do governo e ampliar seus números nas intenções de voto, o presidente passou a dedicar cada vez mais energia à tentativa de vincular fatos negativos à imagem de Lula.
Bolsonaro fez a investida mais intensa dessa natureza no debate do último domingo (28), quando martelou acusações de corrupção e fez comparações entre Lula e regimes de esquerda na América Latina. As provocações não devem render votos imediatamente e podem até aumentar a antipatia de alguns eleitores, mas também desgastam o rival.
Os movimentos de Bolsonaro têm dois objetivos. O primeiro é criar uma sensação de desconfiança em relação a uma possível vitória de Lula no primeiro turno e evitar uma onda de adesão ao petista às vésperas da votação. Além disso, ele espera que uma repulsa ao ex-presidente possa favorecê-lo na hora de um embate direto no segundo turno.
O presidente aprendeu em 2018 que não precisa apresentar um programa coerente ou oferecer ganhos concretos ao eleitor se puder despertar um sentimento de repulsa em relação a seus principais adversários. Além de repetir a tática da última campanha, ele espera recuperar os mesmos eleitores que votaram nele para derrotar o PT na ocasião.
Beneficiado pela condição de antípoda do atual presidente, Lula vem mantendo índices de rejeição considerados baixos para um candidato com tanta exposição. A última pesquisa do Ipec, no entanto, detectou um aumento no percentual de eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum. Em duas semanas, essa taxa passou de 33% para 36%.
É pouco para ajudar Bolsonaro, que tem contra si o próprio índice de rejeição nas alturas. A campanha do presidente vem enfrentando problemas para reduzir esses números em grupos-chave. Entre as mulheres, 50% ainda se recusam a votar nele.
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