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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu LGBTQIA+ Congresso Nacional

Caso Nikolas cria oportunidade para isolar bolsonaristas de 2ª geração

Congresso deveria desestimular crimes e esculhambação como método político

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A primeira geração da bancada bolsonarista fez barulho quando chegou ao Congresso, em 2019. Os parlamentares usavam seus mandatos para chamar atenção nas redes, ofender opositores, ameaçar a democracia, apresentar projetos que intimidavam minorias e formar uma tropa de choque digital a serviço do então presidente Jair Bolsonaro.

Os novatos foram recebidos com uma boa dose de tolerância pelos congressistas que davam as cartas na Câmara e no Senado. Alguns cardeais entendiam que aquela turma era exótica, mas não tinha volume suficiente para fazer estragos significativos. Outros consideravam que não era conveniente se afastar de um grupo alinhado ao Planalto.

O próprio centrão se associou à bancada de raiz bolsonarista quando começou a gerenciar uma maioria pró-governo, principalmente na Câmara. Os deputados eleitos de carona com Bolsonaro ajudavam nas votações enquanto continuavam usando os plenários e comissões como playgrounds ideológicos.

Os bolsonaristas de segunda geração extraíram da delinquência e da avacalhação novos dividendos eleitorais —e decidiram aperfeiçoar essas práticas. Na quarta-feira (8), o deputado mais votado do país vestiu uma peruca e fez um ataque a mulheres trans no plenário da Câmara.

Nikolas Ferreira em campanha com o então presidente Jair Bolsonaro, em 2022 - Douglas Magno/AFP

O episódio de transfobia forçou uma reação do establishment político, mas há um cheiro de hesitação no ar. O presidente da Câmara, Arthur Lira, manifestou uma "reprimenda pública" ao parlamentar, mas não deu pistas da punição que ele pode sofrer. Dirigentes de partidos falam em advertência e consideram uma cassação pouco provável.

Uma resposta rigorosa seria importante, em primeiro lugar, para desestimular a prática de crimes dentro do plenário e o uso da esculhambação como método político.

Mas o caso também cria a oportunidade de isolar o bolsonarismo radical num momento em que ele se mostra fragilizado e distante do poder. A missão deveria interessar inclusive aos oposicionistas racionais.

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