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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu violência

Omissão do governo em votação da saidinha foi presente para oposição

Pragmatismo faz parte do jogo, mas esquerda precisa forçar debate e enfrentar agenda na segurança pública

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Qualquer presidente de esquerda sabe que governar com um Congresso de direita significa escolher algumas batalhas e abrir mão de muitas outras. O pragmatismo é parte do jogo, mas só uma overdose de resignação é capaz de transformar brigas perdidas em presentes generosos para a oposição.

O governo entregou os pontos na votação do projeto que restringe a saída temporária de presos, aprovado na Câmara e no Senado. Sob o argumento de que aquele não era um tema de interesse do Planalto, os líderes de Lula no Congresso cederam a adversários um raro momento de protagonismo nacional numa área considerada delicada.

Descontado o fato de que o Planalto deveria estar mais do que interessado em discussões sobre política carcerária, seria mesmo um esforço inútil. A limitação da saidinha é uma daquelas propostas que pegam carona numa indignação genérica com casos de violência, ignoram dados sobre a eficácia de políticas públicas e são exploradas sem nenhuma profundidade por populistas.

O deputado Capitão Derrite (PL-SP) durante a votação do projeto que restringe a saidinha de detentos, na Câmara - Pedro Ladeira/Folhapress

Em vez de forçar um debate maduro ou negociar uma redução de danos, o governo deixou o palco livre para a oposição. Coube ao senador Sergio Moro, por exemplo, a apresentação de uma emenda que flexibilizou a proposta original e permitiu a saidinha de detentos para estudar.

Outros expoentes do bolsonarismo fizeram festa. O secretário de Segurança de São Paulo deu uma pausa no comando da barbárie policial do estado e reassumiu o mandato de deputado para relatar o projeto. Já Tarcísio de Freitas disse que a aprovação era "um passo fundamental" para acabar com a impunidade.

Políticos de esquerda não precisam embarcar na propaganda enganosa do governador paulista, mas deveriam contabilizar o desgaste que sofrem quando tratam a segurança pública como tabu e saem de campo. Se a nova passagem pelo poder não obrigá-los a enfrentar essa agenda, a direita continuará dando as cartas sozinha em tópicos sensíveis, com alta reverberação no eleitorado.

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