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Jornalista e comentarista de política

Descrição de chapéu São Paulo

Foice no escuro

São Paulo merece mais que escolhas pautadas na subversão a regras de civilidade

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É de se lembrar aos que porventura se entusiasmem pelo personagem encarnado na figura de Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo: em 1959, a cidade "elegeu" para vereador, com 100 mil votos, Cacareco, rinoceronte fêmea residente no zoológico.

A rebeldia daquele eleitorado de 65 anos atrás não provocou efeito prático algum. Apenas marcou a entrada do episódio na história dos protestos contra os políticos tradicionais.

E daí? Daí que os rebeldes se acreditaram engajados pela via do repúdio, mas jogaram no lixo a oportunidade de fazer uma boa escolha.

Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, faz campanha na rua 25 de Março, no centro da cidade - Bruno Santos/Folhapress

São Paulo é a maior, mais rica, mais poderosa e mais complexa cidade da América do Sul. Merece e carece de melhores opções para governantes por parte de seus residentes, interessados que deveriam estar em manter esse lugar de destaque.

Paulistanos orgulham-se da posição que também é motivo de admiração no restante do país. O estado é a locomotiva-mestre do desenvolvimento, como se diz, e a cidade tem papel preponderante nessa pujança.

A capital paulista não deve ser governada na base da galhofa, da subversão de regras de legalidade e civilidade. Necessita ser levada a sério, com governantes e governados que se deem ao respeito.

Não pode ser objeto de piadas ou de escárnio, muito menos de disputas que obedeçam à dinâmica de brigas de foice no escuro, como os atritos entre o clã Bolsonaro e o histriônico Marçal. Caberia aos candidatos adversários, aos partidos, aos organizadores de debates, às campanhas, à Justiça Eleitoral e, sobretudo, ao eleitorado, dar um jeito de encontrar a melhor maneira de retomar o rumo adequado desse debate político.

A rinoceronte Cacareco, primeiro espécime nascido no Brasil, que veio do Rio de Janeiro especialmente para a inauguração do zoológico paulistano, em 1958 - Acervo UH/Folhapress

Se não for assim, estaremos mal. Vamos nos arriscar, absolutamente todos, a aceitar a lógica da contestação vazia contida na preferência por um similar de Cacareco que só nos leva ao fundo do poço da negação da política.

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