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Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

Desinformação dispara nas redes após atentado contra Donald Trump nos EUA

Enquanto informações oficiais eram apuradas, falsas narrativas e teorias da conspiração prevaleciam

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Na tarde de sábado (13), o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sofreu uma tentativa de assassinato durante um comício para apoiadores em Butler, na Pensilvânia. Nos grupos públicos do WhatsApp, as menções a Trump aumentaram quase dez vezes ainda no mesmo dia.

Logo após os tiros, ainda com sangue em seu rosto, o ex-presidente levanta seu braço direito com punho cerrado em meio à proteção do Serviço Secreto americano e repete a palavra "lutem", incendiando o público presente.

Quase imediatamente as redes sociais começaram a fervilhar com imagens e vídeos do ocorrido. Contas do X ligadas à direita brasileira e americana reforçaram o heroísmo e a força de Trump, muitas das postagens afirmando que a eleição está decidida a favor do ex-presidente.

Donald Trump é retirado de comício após sons de supostos tiros interromperem evento - Getty Images via AFP

Nas contas ligadas à esquerda, as mensagens eram de muito ceticismo, principalmente em decorrência da sequência de fatos, da ausência de informações disponíveis no momento e das fotos "perfeitas" que foram tiradas e enaltecem esse heroísmo de Trump.

Em uma das imagens que mais circulou nas redes e também nos portais de notícias, Trump aparece com sangue no rosto, o braço esticado ao alto em sinal de luta e a bandeira americana balançando ao fundo.

Nos grupos de WhatsApp analisados pela Palver, os grupos mais ligados à esquerda compartilharam materiais afirmando que a direita usa esse tipo de situação como estratégia política. Uma das imagens trazia notícias comparando Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Donald Trump e apontando que Pablo Marçal seria o próximo a simular um "atentado fake".

Com a velocidade na comunicação proporcionada pelas redes sociais, fatos como esse se espalham rapidamente.

A apuração de informações, contudo, não segue a mesma velocidade. Isso cria uma lacuna entre a alta demanda por novas informações e as informações disponíveis nos veículos de imprensa tradicionais.

É nessa lacuna que se abre espaço para o compartilhamento de informações falsas e teorias da conspiração. Quando ainda não havia nenhuma informação oficial sobre o atirador, influenciadores e apoiadores de Jair Bolsonaro já divulgavam que o atentado teria sido cometido por um apoiador de Biden.

Em sua conta oficial no X, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) escreveu "a esquerda é e sempre foi assassina". Além disso, gravou um vídeo que repercutiu no WhatsApp mostrando uma foto e afirmando que o atirador seria uma pessoa que foi identificada no X como Mark Violets, descrito como "esquerdista e antifa".

Na gravação de seu vídeo, o parlamentar afirma que as informações foram disponibilizadas por jornais, sem citar o nome de nenhum veículo. Essa informação falsa foi amplamente divulgada pelos portais e grupos de WhatsApp de direita. O FBI informou na manhã de domingo (14) que o nome do atirador era Thomas Matthew Crooks.

Uma postagem do deputado federal André Janones (Avante-MG) no X também repercutiu amplamente no WhatsApp. Sem provas, ele fez um tuíte sugerindo que o atentado a Trump era uma armação.

O parlamentar escreveu: "Pelo menos dessa vez lembraram de providenciar o 'sangue'". Em alguns grupos do WhatsApp o tuíte foi divulgado em tom jocoso, enquanto nos canais mais ligados à direita a repercussão foi bastante negativa.

De maneira geral, o atentado ao ex-presidente dominou completamente a discussão nas redes sociais e tende a reverberar com muita força nas próximas semanas conforme novas informações oficiais vão sendo divulgadas.

Enquanto isso, o papel das agências de checagem se mostra ainda mais fundamental nesses momentos, visto que a ausência de informações oficiais tende a ser preenchida com teorias conspiratórias e desinformação.

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