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Veja o que se sabe sobre atentado contra o ex-presidente Donald Trump

Incidente aconteceu durante comício em Butler, na Pensilvânia; suspeito foi morto

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São Paulo

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi alvo de tiros enquanto discursava em um comício em Butler, no estado da Pensilvânia, neste sábado (13).

Após o ataque, era possível ver sangue escorrendo no rosto de Trump. Seus assessores afirmaram que ele passa bem.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sendo carregado por sua equipe após ser atingido por tiros em comício na Pensilvânia neste sábado (13) - Rebecca Droke/AFP

Saiba o que já se sabe sobre o ataque sofrido por Trump.

Quando e em que contexto ele ocorreu?

Em campanha para retornar à Casa Branca, Trump fazia comício neste sábado em Butler, cidade a cerca de uma hora de Pittsburgh, segunda cidade mais populosa da Pensilvânia. O estado é um dos que são considerados decisivos para o pleito americano por seu eleitorado não ser fiel a nenhum partido.

O discurso do ex-presidente foi interrompido pelo som de tiros.

Vídeos mostram Trump colocar as mãos no rosto e se abaixar em busca de proteção, assim como os seus apoiadores.

Após ser protegido por sua equipe, o ex-presidente fechou e levantou o punho direito, aos gritos de "USA" (sigla para Estados Unidos da América, em inglês).

Trump foi atingido?

Segundo o próprio Trump, ele foi atingido por uma bala que perfurou a parte superior da sua orelha direita.

O esquema de segurança em torno de Donald Trump tornou-se alvo de questionamentos após o ex-presidente ser ferido. O principal alvo é o Serviço Secreto, responsável pela avaliação prévia de segurança, organização do esquema e supervisão da área.

Trump saiu do hospital poucas horas depois do atentado. Ele deixou a área de Butler sob proteção do Serviço Secreto e depois chegou ao seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey. O Serviço Secreto, em comunicado, negou acusações de alguns apoiadores de Trump de que havia rejeitado pedidos de campanha por segurança adicional.

Houve outras vítimas além dele?

O Serviço Secreto dos EUA informou em nota que um participante do comício foi morto. Ele foi identificado como Corey Comperatore, 50. Ele era bombeiro voluntário, na Pensilvânia, e foi atingido na cabeça ao entrar na frente de seus familiares para protegê-los.

Outros dois foram feridos em estado grave: David Dutch, 57, e James Copenhaver, 74, segundo a polícia da Pensilvânia. O estado de saúde deles era estável na tarde deste domingo (14).

Além deles, o suposto atirador também foi morto, por agentes de segurança.

Quem era o suposto atirador e o que motivou o ataque?

O FBI, a polícia federal americana, revelou, na manhã deste domingo (14), a identidade do atirador. Trata-se de Thomas Matthew Crooks, 20.

Segundo as autoridades, ele não estava com nenhum tipo de documento de identidade no local do atentado e foi identificado usando outros métodos, como DNA e fotografias.

Elas também declararam que a motivação por trás do ataque não foi determinada, mas que ele teria agido sozinho. A polícia encontrou explosivos no carro que ele dirigiu até o comício e materiais para fabricação de bombas em sua casa.

Investigadores, que tratam o caso como tentativa de homicídio, procuravam na segunda-feira um motivo para o atentado contra Trump, tentando desbloquear o telefone do atirador em busca de pistas, segundo o The New York Times.

O jornal afirma que um fuzil tipo do AR semiautomático foi encontrado na cena do crime.

As eleições deste ano teriam representado a primeira vez em que Crooks teria idade suficiente para votar em um pleito presidencial.

Registros eleitorais mostram que ele era afiliado ao Partido Republicano. Quando tinha 17 anos, porém, ele fez uma doação de US$ 15 (R$ 81, no câmbio atual) para a organização ActBlue, que arrecada dinheiro para políticos de esquerda e democratas.

A doação foi destinada ao Progressive Turnout Project, grupo que busca convencer pessoas identificadas com a esquerda a ir às urnas. Nem o ActBlue, nem o Progressive Turnout Project responderam a um pedido de comentário feito pela agência Reuters.

Crooks morava em Bethel Park, cidade próxima de onde ocorreu o tiroteio. O tabloide USA Today relatou que automóveis da polícia e de órgãos como a agência do governo federal americano para armas de fogo e explosivos estavam estacionados na vizinhança onde ele supostamente vivia neste domingo.

Além disso, um esquadrão antibombas estava na sua residência, cujo perímetro tinha sido delimitado por uma fita amarela. A Agência Federal de Aviação americana disse no domingo que fechou o espaço aéreo sobre a área por "razões de segurança especiais".

O pai do suspeito, Matthew Crooks, 53, disse à CNN que estava tentando entender o que aconteceu e esperaria até prestar depoimento antes de falar publicamente sobre seu filho.

O jovem se formou no ensino médio em 2022. Na ocasião, ele recebeu um prêmio de US$ 500 (cerca de R$ 2.700 hoje) da Iniciativa Nacional pela Matemática e pela Ciência, de acordo com o jornal local Pittsburgh Tribune-Review.

Quais os impactos do atentado para as eleições à Presidência dos EUA?

O acontecimento embaralha ainda mais a corrida eleitoral pela Casa Branca. Trump lidera as pesquisas de intenção de voto por uma margem apertada.

Apostas em uma vitória do ex-presidente na eleição cresceram no site Polymarket em US$ 0,10 (R$ 0,54), para 70%. Investidores afirmaram que elas devem crescer ainda mais ao longo desta semana.

A convenção do Partido Republicano, em que ele será oficializado como o candidato do partido, está programada para começar nesta segunda (15). Trump chegou ao local de avião na noite anterior, com segurança reforçada, para participar do evento.

Como líderes mundiais e outras figuras influentes reagiram ao episódio?

O principal adversário de Donald Trump na corrida eleitoral, o presidente Joe Biden, condenou o atentado. Em pronunciamento na mesma noite, o democrata chamou de doentia a violência por trás dos disparos. No domingo, ele defendeu que é necessário baixar a temperatura da política americana.

O democrata afirmou que o ataque contra o adversário Donald Trump no sábado "fez todos darem um passo para trás, reavaliar onde estamos, e como seguimos a partir daqui".

Segundo a Casa Branca, o líder chegou a falar com Trump na noite do ataque, mas o conteúdo da conversa não foi detalhado.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o episódio era inaceitável e "deveria ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política".

Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros políticos do campo da direita no país publicaram mensagens em apoio e solidariedade ao candidato. Parte deles também está usando o atentado para criticar a esquerda e retomar o episódio da facada em Bolsonaro na campanha brasileira.

Ainda entre os líderes internacionais, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse "condenar fortemente o ataque" e afirmou que "violência não tem espaço na política e em democracias".

Já na seara empresarial, uma das primeiras declarações de apoio a Trump foi a do bilionário Elon Musk, presidente da SpaceX e da Tesla, que rapidamente usou a rede social de que é dono, X, para afirmar que "endossa totalmente o presidente [sic] Trump". "Espero sua rápida recuperação", escreveu.

Outro bilionário americano, Bill Ackman —que ganhou projeção ao fazer críticas contra a primeira mulher negra a ocupar o posto de reitora da Universidade Harvard—, também apoiou a candidatura do republicano após o episódio deste sábado. "Acabei de endossá-lo", escreveu ele no X.

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, elogiou a coragem de Trump durante o ocorrido. "Estou muito grato por sua segurança e triste pelas vítimas e suas famílias", publicou.

Tim Cook, CEO da Apple, disse estar rezando por Trump e pelas vítimas do atentado. "Condeno fortemente essa violência", disse ele.

Ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump divulgou uma carta no domingo em que chama de monstro o suspeito de atirar contra seu marido.

Houve outros ataques como este na história do país?

Ataques a tiros ocorrem com certa recorrência nos EUA, sobretudo em escolas, boates e outros locais públicos.

O atentado contra o ex-presidente deste sábado foi, no entanto, o primeiro contra uma figura desse porte desde a tentativa de assassinato do presidente Ronald Reagan, republicano, em 1981.

Em 2017, outro político republicano, Steve Scalise, foi gravemente ferido em um ataque com motivações políticas em uma partida de beisebol beneficente.

Antes, em 2011, a então deputada pelo Partido Democrata Gabrielle Giffords foi gravemente ferida em um ataque a um encontro com eleitores em Tucson, no Arizona. Seis pessoas morreram no evento.

Com AFP, Reuters e The New York Times

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