Siga a folha

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Papo de velho

Nos EUA, alunos negam os pilares mais básicos do sistema de Justiça ocidental

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A gente sabe que ficou velho quando começa a se perguntar o que há de errado com os jovens de hoje. Bem, estou oficialmente velho, porque não consigo entender o comportamento da elite mundial dos estudantes universitários, que, cada vez mais, advoga por “safe spaces” (espaços seguros), “trigger warnings” (alertas sobre textos potencialmente chocantes) e se mete em protestos exóticos, entre outras esquisitices.

O caso concreto que tenho em mente é o de Ronald S. Sullivan Jr., advogado e professor de direito em Harvard. Sullivan ocupava também, desde 2009, a posição de “dean” (diretor) da Winthrop House, uma 
das residências para graduandos da universidade.

Os problemas começaram quando Sullivan aceitou advogar para Harvey Weinstein, o produtor de Hollywood acusado de crimes sexuais em série. Alunos se sentiram ultrajados e pediram a cabeça do acadêmico. A administração de Harvard cedeu à pressão e anunciou que não renovará o contrato de Sullivan como “dean”, embora ele conserve sua posição como professor. O New York Times publicou nesta semana um belo artigo dele sobre o caso.

A primeira maluquice dos estudantes é confundir o advogado com seu cliente. Sullivan não é suspeito de nenhum delito. Talvez mais grave, os alunos estão sugerindo que existem crimes tão graves que as pessoas acusadas de tê-los cometido não devem nem ter direito a um advogado. Aliás, nem precisam passar por um julgamento para ser consideradas culpadas. Lamento dizer, mas isso é a negação dos pilares mais básicos do sistema de Justiça ocidental.

Em termos mais gerais, a existência de “safe spaces” e “trigger warnings” depõe contra a própria aventura intelectual. Eu pelo menos me sinto estimulado sempre que me deparo com uma ideia que me tira de minha zona de conforto. Isso é parte inafastável do processo de aprendizagem. Mas isso tudo provavelmente não passa de papo de velho.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas