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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Vacina e popularidade

Às vezes Bolsonaro age racionalmente, como no caso da aliança com o centrão

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Bolsonaro é um mistério. Às vezes, ele age racionalmente, como vimos no caso da aliança com o centrão, outras vezes, porém, opta por caminhos que lhe trazem claro prejuízo político. O mais emblemático deles é a relutância com a vacinação contra a Covid-19. Há um vínculo claro entre imunizar muito e ganhar pontos na popularidade.

A formidável campanha de vacinação em Israel, que já inoculou com ao menos uma dose 60% da população e experimentou redução de hospitalizações e óbitos, vai se convertendo no elemento que faltava para assegurar ao premiê Binyamin Netanyahu vitória nas eleições de março. Israel vai para seu quarto pleito em dois anos. Os três anteriores foram pouco conclusivos, produzindo governos pouco estáveis. É a vacina que poderá mudar essa história.

No Reino Unido, que também vem se destacando nesse quesito, o premiê Boris Johnson e seu partido conservador vão ganhando pontos nas pesquisas à medida que a imunização avança.

O interessante aqui é que ambos os países são conduzidos por governantes de direita, como Bolsonaro, e que cometeram erros no enfrentamento da pandemia. Uma campanha de vacinação competente parece ter o dom até de redimir o passado.

Penso que cabe aqui uma reflexão mais geral sobre pandemia e legitimidade. Em fevereiro de 2020, quando a doença ia ganhando as manchetes, especulava-se que ela poderia significar a ruína do governo chinês. Um ano depois, o que vemos é exatamente o contrário. Pequim foi capaz de conter o vírus antes mesmo da chegada das vacinas, e os chineses hoje, após olhar para o desempenho dos países ocidentais, não encontram motivos para lamentar o seu regime, pelo menos não no que diz respeito à questão sanitária.

Tudo isso é até meio óbvio. Saúde sempre rendeu votos, o que só torna a posição de Bolsonaro ainda mais enigmática. Ignorância? Loucura? Incompetência? Acho que um pouco dos três.

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