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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu câncer

Salvador Luria, cientista e militante, mas não militonto

Abraçou todas as causas progressistas imagináveis, dos direitos civis ao desarmamento nuclear

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Ser uma democracia é condição necessária mas insuficiente para assegurar o primado das liberdades civis e o florescimento da investigação científica. Uma boa prova disso está em "Salvador Luria", a nova biografia desse grande cientista escrita por Rena Selya.

A vida de Luria (1912-1991), que recebeu o Nobel de Medicina de 1969 por suas pesquisas em virologia, daria um filme. Judeu italiano, teve de abandonar o país natal em 1938, quando Mussolini editou as primeiras leis antissemitas. Refugiou-se em Paris, de onde teve de fugir em 1940, após a invasão pelos nazistas. Fê-lo de bicicleta, pedalando da capital francesa até Marselha, onde teve de conseguir um visto de saída francês e vistos de trânsito espanhol e português, na esperança de obter em Lisboa uma permissão para viajar aos EUA. Chegou a Nova York em 12 de setembro de 1940, com US$ 52 no bolso um terno.

Salvador Luria durante aula no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) na década de 1970 - Massachusetts Institute of Technology/Divulgação

Jovem e ainda sem renome científico, penou para conseguir emprego nos EUA, mas foi aos poucos construindo sua reputação. Em 1950, obteve a cidadania americana. Até pela história de perseguição, era absolutamente leal aos EUA, mas não era assim que o governo americano o via. Luria, além de cientista, foi um incansável militante político e abraçou todas as causas progressistas imagináveis, dos direitos civis, ao desarmamento nuclear, passando pela oposição à Guerra do Vietnã.

Essas posições não apenas o colocaram sob vigilância do FBI, mas também fizeram com que, durante algum tempo, ele figurasse na lista negra do NIH, a agência federal de pesquisas em saúde. Nada disso, é claro, fez Luria desistir, nem da ciência nem da política. Apesar de ser um militante, Luria não era um "militonto". As simpatias das esquerdas pela URSS no final dos anos 1940, que incluíam os pensamentos de Trofim Lysenko sobre a biologia, não o impediram de liderar uma campanha para mostrar os enormes erros científicos dessas ideias.

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