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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Argentina à beira do abismo

Candidatos que prometem 'quebrar o sistema' vendem ilusões perigosas

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São Paulo

Os argentinos poderão colocar Javier Milei na Presidência da República.

Confesso que meu coração é anarquista. Eu gostaria de viver numa sociedade sem Estado ou, evocando os escritos de Pierre Clastres, até em uma contra o Estado. Mas o mundo é um lugar complexo. O fato de termos simpatia por uma ideia não significa que ela vá funcionar.

A natureza humana tem seus anjos bons. Nem toda comunidade hippie fracassa, o que nos permite manter a esperança de que um dia o anarquismo seja viável. Mas ela também tem muitos anjos maus. É só olhar ao redor para entrevê-los.

O ultraliberal Javier Milei em evento de encerramento de sua campanha à Presidência da Argentina, em Buenos Aires; primeiro turno das eleições será neste domingo (22) - 18.out.23/Reuters - REUTERS

O Estado liberal democrático, que comporta variações mais à esquerda (social-democracia) e mais à direita (individualismo norte-americano), é a melhor forma que encontramos para nos equilibrar entre as duas tendências inscritas em nossa natureza, preservando o máximo de liberdade.

Esse sistema de governança, ao qual chegamos por tentativa e erro (muitos erros), apresenta a enorme vantagem de embutir mecanismos de autocorreção. Se as coisas não estão indo muito bem, a democracia permite mudar de rumo sem que seja necessário passar por uma guerra civil.

Esse seguro contra a violência tem um preço. O processo de mudança é difícil, lento e quase sempre frustrante, o que, em momentos de crise mais aguda, favorece candidatos presidenciais que prometem "quebrar o sistema".

Vimos vários deles prosperarem nos últimos anos mesmo em democracias consolidadas. Donald Trump e Jair Bolsonaro são os nomes que imediatamente vêm à mente. As soluções falsas que eles venderam se mostraram obviamente falsas, e nenhum dos dois foi reeleito. Mas eles conjuraram forças entrópicas que deixaram um rastro de estragos institucionais.

Os argentinos parecem agora prestes a repetir o erro de eleitores americanos e brasileiros, com a diferença de que, como Milei defende ideias econômicas bem radicais, poderá provocar destruição ainda maior.

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