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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Supercomunicadores

Livro tenta destrinchar a ciência por trás das conversas difíceis com aqueles que discordam de nós

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Um dos efeitos colaterais da era de polarização afetiva em que vivemos é que desistimos a priori de conversas difíceis. A maioria de nós considera perda de tempo tentar convencer o tio esquisitão de que sua escolha política é perigosa. Essa é uma atitude que faz sentido do ponto de vista individual —esses diálogos podem ser animicamente desgastantes—, mas que não ocorre sem ônus coletivos. A sociedade fica empacada se certos debates não são travados. Dá até para argumentar que é moralmente errado nem procurar demover um pai antivacina da decisão de não imunizar o filho.

"Supercommunicators", de Charles Duhigg, vem para "resolver" essas questões. "Resolver" é exagero meu, mas a obra se propõe a nos ensinar a nos comunicarmos melhor. Duhigg é um autor de sucesso. Seu livro sobre o hábito vendeu horrores nos EUA e no Brasil. E vendeu horrores porque Duhigg domina como poucos a fórmula exitosa para esse tipo de obra. Ele escolhe ótimos "cases" para ilustrar o que apresenta como a ciência a respeito do assunto. Minha crítica é que a ciência vem tão mastigada, que já nem parece ciência, um processo em geral mais caótico e incerto.

Seja como for, o livro é interessante. Para Duhigg, toda conversa é na verdade três conversas, a prática (de que se trata?), a emocional (como nos sentimos?) e a social (quem somos?). É só quando entendemos isso e reagimos à altura que conseguimos nos conectar com o interlocutor. Conectar-se não basta para mudar suas posições, mas é o suficiente para desanuviar os ares tóxicos que cercam certos temas e ter conversas significativas. E a conversa significativa pode, às vezes, levar a mudanças de entendimento.

Com base nessas ferramentas, ele junta crise na Netflix com aconselhamento matrimonial, histórias de júri, os bastidores da série "The Big Bang Theory" e hesitação vacinal. Não acho que resolva o mal-estar da polarização, mas é gostoso de ler.

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