Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
A aposta errada de Emmanuel Macron
Antecipar eleições legislativas contando com reação de moderados foi grande erro de cálculo
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Emmanuel Macron apostou alto ao convocar eleições legislativas antecipadas e perdeu. Ao que tudo indica, ele imaginava que a perspectiva de a ultradireita conquistar maioria na Assembleia Nacional mobilizaria os eleitores para impedir tal desfecho. Foi com base nessa lógica —evitar a eleição de Marine Le Pen— que o próprio Macron se consagrou duas vezes presidente da França. Mas, desta vez, não funcionou.
É preciso aguardar o segundo turno das legislativas, a realizar-se no próximo domingo, para saber o tamanho exato da vitória da extrema direita, mas ela é inegável. A Reunião Nacional (RN), partido de Le Pen, obteve 33% dos votos (contra 28% da coalizão de esquerda e 21% do centro macronista) e fará um número recorde de cadeiras na Assembleia. Se a esquerda e o centro se entenderem e conseguirem forjar alianças estratégicas nos distritos (no sistema francês, disputam o returno todos os candidatos que obtiveram mais de 12,5% dos votos), poderão reduzir o prejuízo e eventualmente evitar a ascensão de um primeiro-ministro da RN. Qualquer cenário representa uma derrota fragorosa para Macron, que não precisava ter antecipado o pleito.
Cientistas políticos debatem se o mundo de fato vive uma recessão democrática ou, hipótese mais provável, se ficamos com essa impressão porque alguns países de grande visibilidade, como EUA, o Brasil sob Bolsonaro e agora a França, experimentam dificuldades. Qualquer que seja a resposta, podemos identificar mudanças no padrão de votação que são compatíveis com uma evolução cultural globalizada. Aparentemente, eleitores, talvez por terem se acostumado com a retórica cada vez mais inflamada das redes sociais, estão perdendo o medo do extremismo político. Durante décadas, candidatos mainstream moldavam seus discursos e posições para não parecer radicais e não afastar os moderados. Hoje nos perguntamos onde foram parar os moderados.
helio@uol.com.br
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters