Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Tudo para ontem

Baixa na popularidade assustou governo, mas situação de Lula é boa se comparada com a de outros líderes democráticos

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A baixa na popularidade de Lula (PT) fez disparar os alarmes dentro do governo. Mas será que a situação é assim tão ruim? Na comparação com outros líderes mundiais, não.

Pelo Datafolha, a rejeição a Lula é de 33%. É um índice confortável se cotejado com os de outros governantes de países democráticos. Olaf Scholz é gongado por 73% dos alemães; Macron, por 71% dos franceses; a rejeição a Fumio Kishida, do Japão, é de 70%; a de Sunak, no Reino Unido, chega a 66%. Joe Biden, que tenta a reeleição, tem 54% de avaliações negativas. Há decerto um problema em comparar diretamente as taxas de aprovação de dirigentes que estão em diferentes fases de seus mandatos, mas a confluência de tantos registros negativos tem cor, cheiro e gosto de anomalia.

Lula (PT) discursa durante lançamento do submarino Tonelero na base naval de Itaguaí, no Rio - Pablo Porciuncula 27.mar.24/AFP

Elementos locais são parte importante da explicação de cada caso, mas também dá para tentar levantar causas comuns. É o que faz reportagem do The New York Times, publicada nesta quinta (28). As que me pareceram mais relevantes são inflação e imigração.

A alta de preços é um ingrediente tradicional de más avaliações governamentais. O interessante aqui é que ela, em alguns casos, como o do Brasil e dos EUA, está se sobrepondo até a bons indicadores macroeconômicos, que parecem estar sendo ignorados pela população. A imigração é irrelevante no Brasil e no Japão, mas mobiliza bastante europeus e americanos. Partidos xenófobos de extrema direita vêm obtendo ganhos eleitorais importantes em vários países.

Acrescento, por minha conta e risco, um ingrediente mais etéreo. Um pouco na linha do que dizia o filósofo Paul Virilio, que via na velocidade e na aceleração elementos definidores da modernidade, passamos a viver numa era de impaciência. A forma como nos informamos e nos relacionamos uns com os outros faz com que tudo seja para ontem. Nesse contexto, não é de admirar que governantes também sejam cobrados por resultados instantâneos.

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