Siga a folha

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

Colar um adesivo chamando Sergio Moro de herói no carro foi longe demais

'Se alguém me vir desfilando pela cidade com isso, eu estou queimado para o resto da vida'

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

"O plano é o seguinte: a gente dirige até um descampado perto daquela favelinha da Taquara. Eu trouxe gasolina à beça. Depois que a gente terminar o serviço, vamos de Uber até a delegacia mais próxima. Vou dizer que fui assaltado na Bandeirantes e voilà."

"OK, só me explica uma coisa. Você mimava esse carro como se fosse um chihuahua. E agora vai tentar dar o golpe do seguro?"

"Quer comprar? Eu vendo abaixo do preço do mercado. Documento em dia, não rodou quase nada. É um baita negócio."

"Você sabe que eu não dirijo. Por que você quer tanto se livrar do carro?"

"Ah, é bobeira. Um detalhe, só."

"Qual?"

"Eu não tenho nem coragem de... Calma, que quando a gente chegar lá, eu te mostro."

"Ah, mas eu não vou daqui até Curicica conjecturando que detalhe é esse que tá fazendo a gente se arriscar a ser preso, assaltado e até morto. Sim, morto, porque esse pico é lugar de desova da milícia, você acha que eu sou otário?"

"Não, cara, otário sou eu. Melhor você ver por conta própria, então. É na mala."

"O que que tem na mala? Um corpo?"

"Não precisa nem abrir. Só olha aí."

"Eita."

"Entendeu, agora?"

"Como é que você me apronta uma coisa dessas? Custava pensar um pouco antes? Em quase 20 anos de amizade, eu já vi você cometendo muitas burrices. Voltando pra ex que te traiu com teu irmão, comendo espetinho de camarão vendido na praia, correndo pelado no inverno de Gramado, apostando na virada do Vasco, até caindo no golpe do sequestro, mesmo sem ter filhos. Mas colar um adesivo escrito 'SERGIO MORO: HERÓI NACIONAL' no teu carro foi longe demais."

"Eu sei. Eu tentei de tudo, mas não consigo apagar os erros do meu passado. Já usei todo tipo de solvente, esfreguei com palha de aço. E nada. Ficou só desbotadinho. Cheguei a colar um adesivo do Vascão em cima, mas não aderiu e acabou caindo."

"E eu achando que era um corpo... Se fosse um corpo era até mais discreto. Bom, vamos nessa, mas espero que o vidro seja fumê. Porque se alguém me vir desfilando pela cidade em um carro com esse adesivo, eu tô queimado pro resto da vida."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas