Correspondente da Folha na Ásia
BBC se derrama pela rainha, nem tanto pelo novo rei
Rede elogia 'decência' da monarca, mas diz que, com pressões contra unidade do país, 'haverá desafios para Charles'
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Horas antes da morte de Elizabeth 2ª, a cobertura jornalística da estatal BBC, que já havia entrado na programação regular para anunciar a emergência médica, adotou gravatas pretas na bancada —e passou aos elogios fartos.
Houve reações imediatas. Um jornalista concorrente criticou que usar "gravata preta agora é preventivo e mal pensado" —dizendo ser devido às críticas à BBC há duas décadas, quando um apresentador usou gravata bordô na morte da rainha-mãe.
Desta vez, o célebre apresentador Huw Edwards e o "correspondente real" Nicholas Witchell estavam preparados. O anúncio foi feito após novo corte e a locução em off "A BBC está interrompendo sua programação normal para trazer um anúncio importante", entrando o apresentador.
"Esta é a BBC de Londres. O Palácio de Buckingham anunciou a morte de Sua Majestade, a rainha Elizabeth 2ª", declarou Edwards, informando o início de um "programa especial", com voz embargada.
Ele e Witchell se estenderam no louvor institucional a Elizabeth 2ª, sobretudo o correspondente, com alguns qualificativos mais insistentes, como o de que ela tinha consciência dos deveres ("dutiful").
Também sua "decência" e "constância" e o fato de representar "unidade", esta citada num contexto de desafio para o Reino Unido. "Ela personificava qualidades simples, como dignidade. Ela uniu as pessoas. Há pressões contra a unidade hoje, e Charles está consciente disso", ressaltou.
Segundo Witchell, "Charles trabalhou para conseguir o respeito do povo", mas este "é um momento perigoso para o Reino Unido" e "haverá desafios para ele, sem dúvida".
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