Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Aéreas estrangeiras podem comprar brasileiras a preço de banana, diz presidente da Azul
Para John Rodgerson, quebradeira na aviação impactaria toda a cadeia
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Turbulência Na incerteza sobre como o governo vai ajudar as companhias aéreas brasileiras a sobreviver à crise do coronavírus, o presidente da Azul, John Rodgerson, diz ter receio de que a aviação local seja atingida por uma onda de aquisições por empresas estrangeiras, facilitada pela recente legislação que liberou o capital internacional em aéreas do Brasil. “O governo fala em ser liberal, mas os países mais liberais do mundo estão resgatando [as aéreas] porque tem que resgatar”, afirma.
Decolagem Rodgerson afirma que vai ficar difícil para as brasileiras competirem com as aéreas dos Estados Unidos, que estão negociando uma ajuda de US$ 50 bilhões com o governo americano.
Desembarque Ele avalia que se as aéreas nacionais quebrarem e forem compradas por estrangeiras, as empresas de fora não teriam interesse em voar para municípios pequenos, como faz a Azul no país.
Piloto Segundo o executivo, a situação é tão grave que é possível haver falências no setor aéreo no Brasil nos próximos meses. “As empresas americanas olharam para o Trump e disseram: nós vamos quebrar se não resgatar”, afirma Rodgerson.
Pista O presidente da Azul diz que a companhia já pensa em demissões ou licença compulsória e o setor impacta toda a cadeia, desde a hotelaria e o transporte até os fabricantes. “Se a Azul não passar por isso, o que vai ser da Embraer?”, diz o executivo.
Prosa
"O que vai acontecer é o seguinte: Trump ajuda todos os gringos, as empresas brasileiras quebram e, daqui a seis meses, as empresas gringas vêm para o Brasil, compram tudo a preço de banana. E você acha que eles vão voar para Alta Floresta (MT)?"
John Rodgerson
presidente da Azul
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