Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Montadoras preveem crise no início do mandato de Lula
Com economia patinando, compradores preferem usado ao novo; juros elevados complicam setor
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O Brasil se tornou o país do veículo usado e isso está comprometendo os negócios das montadoras que preveem continuar fazendo ‘voos de galinha’, com poucas altas e muitas baixas consecutivas nas vendas.
É o que mostra o relatório da Data OLX Auto. Os dados mais recentes indicam baixo crescimento para 2023. Segundo as próprias montadoras, o cenário se agravará diante das incertezas sobre a intensidade e duração da crise econômica. A única certeza é que haverá crise.
O mercado registrou melhor desempenho de produção e vendas em agosto, mas acumulou duas quedas seguidas nas passagens de setembro e outubro. Na comparação com outubro de 2021, no entanto, houve variação positiva de 12,3% nas vendas de carros novos e recuo de 8,1% entre os usados.
A leitura é de que a crise dos semicondutores e a interrupção na produção das montadoras durante o pico da pandemia forneceram cenário ideal para a venda de carros usados.
Com a retomada da produção e o aumento no estoque de novos veículos, a pressão sobre os preços diminuiu e a atratividade dos usados caiu.
Ainda assim, a queda entre usados é vista como uma possível acomodação do mercado. As promoções de fim de ano podem reverter o quadro.
O relatório da OLX Carros também prevê uma elevada política de juros para aquisição de veículos, o que não é animador para o setor.
Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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