Atos antidemocráticos prejudicaram produção e venda de carros

Anfavea mostra que rodovias bloqueadas no dia 31 resultaram em números negativos para o setor

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São Paulo

A produção e a venda de veículos leves e pesados tiveram leves quedas em outubro, mas poderiam ter registrado números melhores.

Segundo a Anfavea (associação das montadoras), os protestos antidemocráticos com bloqueios de estradas, que ocorreram a partir do dia 30, prejudicaram os resultados do mês.

"Tivemos um mês muito bom tanto em vendas como em produção, mas há dois fatores. O primeiro é o feriado do dia 12, e, no dia 31, o período de manifestações Brasil afora", disse Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea.

Carros da GM em pátio da fábrica em São José dos Campos - Roosevelt Cassio - 19.mar.2020/Reuters

Foram montadas 206 mil unidades no último mês, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8) pela Anfavea.

Houve queda de 0,8% em relação a setembro, já com influência das paradas que dificultaram a entrega de peças e a chegada de funcionários. A perda se estendeu pelo dia 1º de novembro, quando empresas como a Toyota permaneceram com as linhas de produção desativadas.

Apesar do problema, o saldo do ano é positivo. Na comparação com outubro de 2021, houve alta de 15,1% --resultado que comprova a melhora no fornecimento de componentes registrada neste segundo semestre.

No acumulado do ano, foram produzidas 1,962 milhão de unidades, o que resulta em crescimento de 7,1% entre janeiro e outubro. O número inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.

Os resultados foram divulgados na Fenatran 2022, principal feira do setor de transportes no Brasil.

As vendas também seguem em recuperação, embora em ritmo um pouco mais lento. O mês de outubro terminou com 180,9 mil veículos leves e pesados emplacados, segundo a Fenabrave (entidade que representa os distribuidores de veículos). Houve queda de 6,7% em comparação a setembro, o que mostra o peso dos problemas registrados no dia 31.

Em geral, o último dia útil do mês é o que registra maior volume de licenciamentos. Com as atividades interrompidas Brasil afora, a expectativa de alta deu lugar ao decréscimo.

Segundo a Anfavea, se forem desconsiderados o último dia útil dos meses de setembro e outubro, a média diária de vendas teria registrado um crescimento de 2,3% no último mês.

O presidente da associação afirma que 17 mil unidades foram emplacadas no último dia útil de setembro. No de outubro, porém, houve apenas 9.000 emplacamentos

Em relação a outubro de 2021, houve alta de 11,4%. Mas os 1,68 milhão de veículos emplacados no acumulado do ano representam uma queda de 3,2% na comparação com o mesmo período de 2021.

A Anfavea acredita que será possível crescer 1% em vendas na comparação ao ano passado. Na produção, a expectativa é de um avanço de 4,4%. Enquanto a primeira previsão parece distante de ser batida, a segunda será facilmente superada. A explicação está nos números positivos das exportações.

Outubro terminou com 42,8 mil veículos enviados para o exterior. No acumulado do ano, 406,3 mil unidades foram exportadas, uma alta de 32,4% em relação aos 10 primeiros meses de 2021.

O bom resultado ocorre apesar dos problemas no mercado argentino, que ainda tem travado as emissões de licenças de importação, embora os números de lá deem alguns sinais de melhora.

A compensação veio do México e do Chile, que se destacaram no mês de outubro. De acordo com a Anfavea, o último mês terminou com uma alta de 49,8% nas exportações em relação a setembro.

Quanto ao relacionamento com o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da Anfavea disse que espera pela permanência do corpo técnico dos ministérios ligados à indústria.

"Se houver uma manutenção dos técnicos nos órgãos em que temos maior contato, o que sempre ocorreu, nossas expectativas são positivas, sem grandes alterações."

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