Siga a folha

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

Descrição de chapéu Enem

É preciso recuperar o sucesso que o Enem já teve

Falta de informação é uma das barreiras a enfrentar pelos que buscam a universidade

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

André, um estudante de 16 anos, frequentava o período noturno do ensino médio em uma escola estadual na periferia de São Paulo. Diferentemente de alguns de seus colegas, ele não precisava trabalhar para ajudar nas despesas familiares, o que lhe permitia se dedicar exclusivamente aos estudos. Apesar de seu interesse em se tornar engenheiro, André não estava se preparando para o Enem daquele ano
—simplesmente porque não sabia o que é o Enem.

A história de André, apesar de fictícia em relação ao nome, reflete a realidade de muitos jovens pelo país. Assim como ele, milhões precisam ser orientados sobre os passos necessários para alcançar seus objetivos. Antes disso, eles também precisam conhecer as opções disponíveis para que possam tomar decisões conscientes sobre os caminhos que desejam seguir. Sem informação, inspiração e representatividade suas opções ficam restritas às realidades que já conhecem. O direito de aspirar a uma vida diferente lhes é usurpado.

O acesso à informação é uma das muitas barreiras que os jovens precisam enfrentar se quiserem fazer uma faculdade: restrições financeiras, educação básica de baixa qualidade, falta de apoio familiar, gravidez na adolescência, violência. Para a geração que conclui agora o ensino médio, se somam a essas os efeitos de três anos de pandemia e um tortuoso Novo Ensino Médio, política com problemas de desenho e implementação. Sem o suporte adequado e orientações direcionadas, muitos jovens ficam impossibilitados de superar esses desafios e buscar uma formação de nível superior.

Nas duas últimas décadas, o Enem, Exame Nacional do Ensino Médio, tornou-se a principal porta de entrada para o ensino superior. As inscrições para o exame deste ano encerram-se nesta sexta-feira, 16 de junho, e o governo tem a expectativa de reverter a tendência de queda no número de inscritos nos últimos anos.

Em 2022, foram só 3,4 milhões de inscritos, bem menos da metade que os 8,6 milhões de 2017. Para superar a barreira da informação, o governo atual investiu em campanhas de divulgação e não faltaram vídeos informais do presidente, da primeira-dama e do ministro da Educação convidando os jovens para fazer a inscrição.

Recuperar o sucesso que o Enem já teve é um objetivo que este governo espera alcançar. No entanto, há um longo caminho a percorrer para garantir que os jovens de hoje e de amanhã tenham acesso às informações necessárias para construir e seguir seus sonhos. Recompor a aprendizagem perdida nos últimos anos é um desafio que não pode ser ignorado. É necessário abordar essas questões. Um passo de cada vez, começando pela inscrição no Enem.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas