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Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

Bolsonarismo precisa evoluir muito para ser chamado de conservador

Grupo não quer preservar, mas sim retroagir a um passado hoje relegado ao pó da história

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Dias depois de o presidente da República instalar a balbúrdia no PSL, o bolsonarismo realizou uma autoproclamada conferência conservadora em São Paulo. Crucifixos na vagina, chicote em opositores, entre outros temas, ali foram debatidos.

Houve chance até para um discípulo de Olavo de Carvalho filosofar que o país carece de um pensamento estruturado de direita e conservador.

Em parte, ele tem razão. A não ser nas profundezas do esgoto da internet, não há mesmo um alicerce teórico a socorrer o bolsonarismo raiz.

Autoritarismo, defesa de ditaduras, da tortura, do bangue-bangue como ação de segurança pública, truculência nas redes sociais, homofobia, opressão das minorias, das mulheres, discurso genérico anticorrupção (desde que da porta pra fora), depredação do meio ambiente, desprezo pela ciência, pelas artes e pelo saber em geral, religiosidade primitiva, gosto por patriotadas toscas, enfim, uma adesão cega e surda ao tiozismo barrigudo de churrasco como filosofia de vida.

Chamam essa gosma ideológica de conservadorismo. Ocorre que esses filósofos não querem preservar, mas sim resgatar no mercado de pulgas da história situações subjugadas por séculos de avanço da humanidade.

A direita brasileira ciosa dos valores democráticos, civilizatórios, acadêmicos, aquela que reconhece a redondeza da Terra, aderiu em parte ao capitão, na campanha. Enfrenta toda ela, agora, o flagelo de se ver enfiada dentro do balaio olavista.

Nem liberal na economia dá para classificar o bolsonarismo. O presidente nunca o foi nem irá chorar rios de sangue se tiver, a depender das circunstâncias, que dar um cavalo de pau no que tolerou até agora.

É temerário rotular coisas no momento em que elas acontecem, mas o bolsonarismo talvez possa ser classificado como Paulo Guedes na economia (enquanto ele resistir no cargo) e reacionário nos costumes --ou medieval, obscurantista, primitivo, bolorento. Para virar "direita", "conservador", algo assim, é preciso ainda subir muitos degraus civilizatórios.

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