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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Cravinho e Joãozinho

A quem mais João Gilberto confiaria a apuração de seu mapa astral? A Edna, mulher de seu grande amigo

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Nas últimas semanas, tenho falado de Cravinho, o empresário baiano Jorge Cravo, uma espécie de Forrest Gump nacional, sujeito a se ver, de repente, ao lado de seus heróis da música popular. E, claro, sobre sua amizade de mais de 60 anos com seu conterrâneo João Gilberto.

A diferença é que, quando eles se conheceram, em 1949, em Salvador, João Gilberto tinha 18 anos e era recém-chegado de Juazeiro, onde, pouco antes, ainda pulava muros para roubar goiabas; e Cravinho, aos 21, era também recém-chegado, mas de Nova York, onde passara três anos estudando e escutando ao vivo os grandes da época, de Billie Holiday a Frank Sinatra, e os novos, que ele parecia descobrir antes de todo mundo, como os Mel-Tones de Mel Tormé, o Page Cavanaugh Trio e o revolucionário acordeonista e cantor Joe Mooney.

Foram os discos dessa turma –e os de Orlando Silva, admiração de ambos– que, nas muitas horas de vitrola entre eles na casa de Cravinho, ajudaram a educar o futuro criador da bossa nova. Com a vinda de João para o Rio, em 1950, os dois começaram uma longa sequência de cartas ("de Joãozinho para Cravinho" e vice-versa) e de telefonemas, sobre música e namoradas. As fotos dos dois, em Salvador e no Rio, são o testemunho de uma amizade de muitos anos, nunca conturbada –nem mesmo quando João pedia a Cravinho que lhe mandasse para o Rio, via aérea, um isopor com o sorvete de pitanga exclusivo da Ribeira, na Cidade Baixa.

A última vez que se viram, pouco antes da morte de Cravinho, em 2015, foi na Bahia. João Gilberto o presenteou com uma caneca e um par de chinelos do Bonfim, estampados com o seu rosto. E a quem mais João confiaria a apuração de seu mapa astral? A Edna, mulher de Cravinho, astróloga e também sua amiga de décadas.

Mas o que Edna descobriu é segredo de astróloga, e ela não conta para ninguém. Sei disso, porque já cansei de perguntar.

João Gilberto e Cravinho, no Rio e em Salvador; carta de João para Cravinho, de 1962; e 45 r.p.m. original de "Chega de Saudade", autografado para Cravinho, com data de 5 de setembro de 1958 - Heloisa Seixas

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