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Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Descrição de chapéu indígenas

Uma medalha ao cidadão mais anti-indígena do Brasil

Um governo que institui a censura e destrói a cultura não pode receber a medalha

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Quando me preparava para uma fala sobre os ataques que os povos indígenas vêm sofrendo deste governo, soube da entrega da Medalha do Mérito Indigenista a Jair Bolsonaro e outros. Os auto-homenageados não são indigenistas; são inimigos dos povos indígenas.

O que fez Bolsonaro para merecer tal medalha? Cito aqui alguns fatos:

1991-1995 — Como deputado federal, tenta impedir a criação da Terra Indígena Yanomami;

2018 — Na campanha presidencial, discursou várias vezes dizendo que não demarcaria nenhuma terra indígena; promessa que vem cumprindo;

2020 — Em seu discurso na ONU, acusou uma das maiores lideranças do país, o indígena Raoni Metuktire, de ser peça de manobra de ONGs e governos estrangeiros; não bastasse ter feito isso na ONU, disse depois que os indígenas estavam evoluindo e se tornando humanos;

2022 — Diminuiu o orçamento para a proteção de terras indígenas e a promoção dos povos indígenas.

E que dizer da ministra Damares? O que fez para merecer a medalha? Incentiva a evangelização de indígenas, acabando com a sua cultura, e foi acusada pelos Kamayurás de raptar crianças indígenas (El País, 2019).

A ministra Tereza Cristina, outra agraciada, defende a abertura das terras indígenas para mineração, garimpo e arrendamento, para que sejam usurpados dos indígenas seus territórios e recursos naturais.

E o ex-presidente da Funai Marcelo Augusto Xavier da Silva, o que fez e faz? Persegue os povos indígenas e suas organizações. Cito, para ilustrar, o que fez aos líderes indígenas reconhecidos nacional e internacionalmente Almir Suruí e Sônia Guajajara, que foram denunciados pelo órgão indigenista por, segundo a Funai, propagarem "mentiras" contra o governo. As acusações, investigadas pela Polícia Federal, foram arquivadas por falta de provas.

Em 2021, ele virou réu na 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Santarém (Pará) por se recusar a cumprir decisões judiciais de demarcar a terra do povo indígena Munduruku.

Os que deveriam proteger os indígenas, a Funai e seu presidente, atacam esses povos.

Não posso esquecer que, depois de eu ter discursado na ONU durante a COP-26, fui atacada por Bolsonaro, o que gerou um ataque sistemático de racismo nas redes sociais contra mim por seus seguidores.

Txai Suruí discursa na COP-26 - UNFCC

Um governo que institui a censura e destrói a cultura não pode receber a Medalha do Mérito Indigenista; até porque nem sabem o que é ser indigenista.

Finalizo dizendo que os povos indígenas repudiam o ato de auto-homenagem com a Medalha do Mérito Indigenista aos inimigos dos indígenas e que os povos originários exigem respeito!

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