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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu clima

Crise climática gera incertezas nas exportações pelo Arco Norte

Para assessora da CNA, sistema de escoamento tem de acompanhar produção

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As crises climáticas que se agravam ano a ano trazem preocupações não só para a produção agropecuária brasileira, mas também para as exportações do setor, principalmente para os volumes que saem pelo Arco Norte. Eles vêm aumentando a participação no total do país nos anos recentes.

Neste ano, a crise climática volta a ser rigorosa e deve interferir no transporte de grãos via hidrovias. As regiões Centro-Oeste e Norte aumentam a produção de grãos, mas as condições de escoamento estão cada vez mais suscetíveis a esses fenômenos.

"Estamos vivendo no limite e nada pode dar errado", diz Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

A saída de mercadorias por alguns dos portos do Arco Norte já é menor neste ano, embora os efeitos do clima começarão a ser mais sentidos a partir deste mês.

Porto de grãos no rio Tapajós, em Santarém (PA) - Folhapress

Para Elisângela, o cenário só não será pior neste ano porque a produção agrícola foi muito afetada pelo clima.

A região Centro-Oeste, principal produtora nacional de grãos, colheu 67,8 milhões de toneladas de soja, 13% a menos do que no ano passado.

No milho, a queda deverá ser de 12%, com o volume produzido recuando para 68 milhões, segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Em 2022, com a produção recorde, os portos do Arco Norte chegaram a superar o volume de grãos exportado por Santos (SP). No ano passado, houve desvio de parte da produção do Centro-Oeste para o Sudeste e o Sul devido às dificuldades de navegabilidade nos rios.

Neste ano, com a quebra de safra, a assessora da CNA acredita que não haverá necessidade da saída de produção de algumas regiões do Centro-Oeste para os portos do Sudeste e do Sul, como ocorreu em 2023.

Elisângela, afirma, no entanto, que o setor não pode conviver com as incertezas do clima. A movimentação de carga tem tido crescimento constante com a produção recorde que vem sendo obtida.

Além do desenvolvimento de ferrovias, é necessária uma atenção especial para as hidrovias. Dragagem e derrocamento de pedras permitiriam um uso maior das hidrovias do país, tanto pelo transporte geral de mercadorias como pelo de grãos.

Os planos nacionais deveriam ser implementados rapidamente. "Não dá para conviver com as incertezas de navegabilidade do ano seguinte", afirma a assessora.

O sistema de transporte também vê essa necessidade de previsibilidade e inclusive está disposto ao pagamento de taxas para manter essa navegabilidade nas hidrovias. Dois dos principais gargalos são o rio Madeira, que recebe grãos da BR-364, e o rio Tapajós, abastecido pela BR-163.

Com crise hídrica, leito do rio Madeira recua e deixa margens à vista - Divulgação

Para a Conab, a baixa mais acelerada do que o normal dos níveis de água do Tapajós, no Pará, fará com que as barcaças tenham que operar com capacidade reduzida ainda mais cedo do que o esperado neste ano.

Em seu relatório logístico, o órgão governamental aponta que poderá haver a necessidade de um redirecionamento do fluxo para Santarém (PA), via sistema rodoviário, ou até mesmo para Santos.

A saída de soja pelos portos do Arco Norte recuou para 27,5 milhões de toneladas de janeiro a julho, segundo a Conab. Esse volume representou 36,5% do total exportado pelo país. No ano passado, o percentual era de 37,3% no mesmo período.

A participação dos portos do Arco Norte nas exportações totais de milho melhorou em porcentagem, mas o volume que saiu foi menor, devido à quebra de safra.

De janeiro a julho, passaram por esses portos 4,1 milhões de toneladas do cereal, 49% do volume nacional. No ano passado, foram 37%. Paranaguá foi o que mais perdeu participação neste ano. O porto paranaense exportou 682 mil toneladas até julho, apenas 6,5% do total nacional. Até julho de 2023, o volume representara 19%.

Fertilizantes

As importações de adubo de janeiro a julho deste ano pelos portos do Arco Norte já superam as do porto de Santos. Pelos dados da Secex e da Conab, as importações dos sete primeiros meses pelo Arco Norte somam 4,3 milhões de toneladas, 7,5% a mais do que pelo porto paulista. A liderança fica com Paranaguá, por onde entraram 5,5 milhões de toneladas.

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