Siga a folha

Fórum Mundial da Água ganha trégua de racionamento em Brasília

Rodízio não vai atingir participantes de maior evento sobre água no mundo

Manancial do Descoberto, que sofreu com a seca no Distrito Federal - Mateus Bonomi/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Considerado o mais importante evento internacional na discussão de temas como a crise hídrica, o 8º Fórum Mundial da Água iniciará neste domingo (18) em Brasília sem ser afetado pelo racionamento que ocorre há mais de um ano na capital do país.

Até o dia 23, a região que concentra a maioria dos hotéis, o centro de convenções Ulysses Guimarães e outros pontos da área do evento deve ganhar uma trégua nas medidas de contenção do uso da água. “Neste período, vamos suspender [o rodízio] na região central para garantir o abastecimento de água dentro do fórum”, afirmou à Folha o presidente da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), Maurício Luduvice.

Ao todo, 40 mil pessoas são esperadas para o evento, entre autoridades, especialistas e interessados no tema.

Deste total, cerca de 13 mil estão inscritos para acompanhar as quase 300 sessões de debates, dos quais quase metade são estrangeiros. O restante é esperado para a área de exposições e demais atividades gratuitas.

“Nossa expectativa é que durante o período do fórum as pessoas venham e tenham condições de participar. E aí colocamos água disponível. Queremos garantir que não tenham problemas”, afirma o presidente da Caesb.

A suspensão, assim, deve fazer com que participantes do evento que discute questões como escassez de água e falta de saneamento fiquem livres do racionamento que continuará no seu entorno.

O rodízio de bairros sem água é adotado desde janeiro do ano passado, quando o governo local passou a interromper o fornecimento de água em cada região por até 24 horas a cada cinco dias.

A justificativa estava no baixo nível dos reservatórios: em menos de dez meses, o manancial do Descoberto, que abastece a maior parte do Distrito Federal, por exemplo, passou de 19% para 5,3%, o pior nível já registrado.

Com as chuvas, a situação dá sinais de melhora, mas o racionamento ainda não tem data para acabar. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB), no entanto, tem dito que a ideia é que termine neste ano.

Hoje, ao menos 2,1 milhões de pessoas ainda vivem em áreas onde há racionamento —o equivalente a 85% da população do Distrito Federal.

O impacto dessas ações na rotina da população, porém, depende da disponibilidade de caixas-d’água e de outros recursos. Sem esse aparato, a cozinheira Shirley Ferreira, 35, prepara a cada semana um arsenal de sobrevivência a ser usado por ela e uma família vizinha nos dias de rodízio no Paranoá, bairro onde mora.

São seis baldes (usados para banhos, cozinha e limpeza), uma bacia (para emergências) e parte de um tanque, cujo escoamento é bloqueado com uma tampa.

“Como o racionamento é só por um dia, [o estoque] dá. Mas não é bom não. Se for para fazer uma comida a mais, já não posso”, afirma ela, que avalia a possibilidade de comprar uma caixa-d’água. “Tenho medo de ficar sem.”

Ter um reservatório, porém, não é sempre uma garantia. “Se a água demora a voltar, aí falta mesmo”, relata a dona de casa Luiza Maria da Cruz, 80, que, mesmo tendo comprado uma caixa-d’água de 500 litros, mantém ao menos três baldes de água cheios nos dias de rodízio.

Luiza Maria da Cruz, 80, moradora do Paranoá (DF), sofre com racionamento mesmo tendo comprado uma caixa-d’água de 500 litros. - Pedro Ladeira/Folhapress

FÓRUM

A cerca de 20 km da casa de Luiza, a escassez de água e gargalos para o saneamento no mundo serão justamente os temas discutidos durante a 8ª edição do Fórum Mundial da Água.

Realizado a cada três anos, esta será a primeira vez em que o evento é realizado no Hemisfério Sul. 

O evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água, órgão internacional que tem como presidente o atual secretário paulista de recursos hídricos, Benedito Braga. O objetivo é discutir erros, acertos, desafios e novas propostas e compromissos políticos para o impulsionamento do saneamento, a preservação de mananciais e o uso racional da água no mundo. Ao menos dez chefes de Estado estão confirmados. 

Para tentar minimizar os impactos ambientais causados pelo próprio evento, o Fórum permite que seus inscritos doem dinheiro que será revertido na recuperação do ribeirão Pipiripau, que faz parte da rede de abastecimento do DF. O evento ainda irá monitorar a emissão de carbono e compensá-la com ações de recuperação de áreas degradadas no DF.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas