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Comissões da Câmara de SP terão rivais lado a lado e polarização inédita

PT e PSDB presidirão a maioria dos órgãos; educação e transporte enfrentarão polêmicas

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São Paulo

De um lado, um vereador defensor de motoristas de aplicativos de carona. De outro, um ferrenho representante dos taxistas.

Uma parlamentar bolsonarista ultraconservadora, ao lado de uma vereadora transexual de esquerda.

A Câmara Municipal de São Paulo terá uma polarização nunca vista antes, com vereadores de extremos políticos disputando espaço nas mesmas comissões.

Nesta quinta-feira (11), a Casa elegeu quem comandará as comissões temáticas. Das sete comissões temáticas permanentes, PSDB e PT presidirão duas cada um —acordo que respeitou a proporcionalidade das bancadas.

O clima deve ser mais quente nas bancadas de Educação e Transporte, onde vereadores com agendas totalmente contrastantes deverão conviver.

Eliseu Gabriel (PSB), que é professor da USP, presidirá a comissão de Educação. No entanto, a comissão também terá entre os integrantes a vereadora Erika Hilton (PSOL) e a bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos).

A área tem temas caros à esquerda e ao bolsonarismo. Hilton é transexual, enquanto Sonaira segue a cartilha da ministra Damares Alves, que preza que meninos vestem azul e meninas vestem rosa.

Em seu discurso inicial, Sonaira afirmou que há uma agenda que "pretende feminilizar o homem e masculinizar as mulheres". "Uma geração covarde, uma geração capada pelo politicamente correto, que tem medo de posicionar", disse.

Hilton classificou o discurso como um ataque. "Fui pega de supresa com um ataque tão vexatório e desequilibrado na primeira sessão. Já sabia que aconteceria, pois é dessa forma que agem esses grupos de direita que vivem da espetacularização da política, mas não na primeira sessão", disse Hilton, após o discurso.

Na comissão de Transportes, o clima talvez não seja mais calmo. Ela será presidida pelo petista Senival Moura —vereador que é próximo do setor de cooperativas de transporte.

O atrito deve se dar, porém, entre outros membros. Há um vereador ligado aos taxistas, Adilson Amadeu, o vice-presidente, e outro ligado aos aplicativos de carona, Marlon Luz (Patriota), vereador que teve como nome de urna Marlon do Uber, mas depois resolveu usar o próprio nome na Câmara.

Amadeu costuma mobilizar multidões de taxistas contra medidas que possam beneficiar as empresas de aplicativos. Já Marlon defende os motoristas de aplicativos. Ambos já tem uma rivalidade anterior à eleição de Marlon.

Um possível ponto de confluência entre os dois, porém, pode ser a proposta de criar uma CPI para apurar irregularidades nos aplicativos de carona.

Além deles, Camilo Cristófaro, do PSB, tem uma plataforma contrária aos radares e entrou na política com uma plataforma contra a "indústria da multa". Camilo não costuma ser nada comedido e já teve atrito com outros vereadores.

Partido do prefeito Bruno Covas, o PSDB presidirá as comissões de Justiça, com Carlos Bezerra Jr., e de Administração Pública, com Gilson Barreto.

Já o PT, além de Transportes, presidirá a comissão de Finanças, com Jair Tatto.

Além das duas legendas, Paulo Frange (PTB) presidirá uma das principais comissões neste ano, a de Política Urbana. Por lá, será analisada a revisão do Plano Diretor, conjunto de regras que define o crescimento da cidade. Frange já atuava na comissão quando o atual Plano Diretor foi aprovado, em 2014.

Felipe Becari (PSD) será o único novato a presidente uma comissão, a de Saúde. Ele é policial civil e youtuber defensor da causa animal.

Os presidentes tem papel estratégico nas comissões, podendo convocar audiências públicas e controlando a pauta das reuniões.

Apesar de ter seis vereadores, uma das maiores bancadas, o PSOL não presidirá comissão alguma. O partido ficou de fora do bloco de apoio que elegeu Milton Leite (DEM) para presidir a Casa, uma vez que decidiu lançar Erika Hilton para concorrer com o democrata.

Erika Hilton, vereadora do PSOL, que faz parte da comissão de Educação da Câmara - Karime Xavier/Folhapress

O PSOL também decidiu se abster das votações para as comissões. A exceção foi Erika Hilton, que participou da votação que elegeu Eliseu Gabriel e Cris Monteiro (Novo), segundo integrantes do partido, por uma falha de comunicação.

A Casa votou nesta quinta a prorrogação do auxílio emergencial municipal, que tem valor de R$ 100, por mais três meses. O texto foi aprovado em primeira votação, com 50 votos favoráveis e nenhum contrário. O projeto ainda passará por segunda votação.

O PSOL defende aumentar o valor do benefício para R$ 350. "A gente é a favor que se estenda o prazo. A prefeitura quer colocar o auxílio por mais três meses, mas isso é insuficiente. O auxílio precisa ser garantido enquanto durar o período da imunização. Não tem nenhum tipo de possibilidade da crise passar, dos empregos retomarem antes de termos a vacinação para todos", afirmou a líder do PSOL, Luana Alves.

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