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Descrição de chapéu Cracolândia

Polícia cerca rua em nova ação na cracolândia no centro de São Paulo

Operação ocorre após Folha mostrar que tráfico de drogas continua ativo

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São Paulo

A Polícia Civil e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) desencadearam, no fim da tarde desta segunda-feira (19), uma nova operação na cracolândia da rua Helvétia, no centro de São Paulo.

A via fica a poucos passos do 77° DP (Santa Cecília), uma das delegacias responsáveis pelas ações contra o tráfico de drogas na região central.

Flagrante de venda e consumo de drogas na rua Helvétia - - Danilo Verpa-13.set.22/Folhapress

A ação, uma das fases da Operação Caronte, ocorre após a Folha mostrar que traficantes voltaram a montar barracas e tendas para comercializar drogas na rua. O ponto, que fica entre a avenida São João e a alameda Barão de Campinas, em Campos Elíseos, é monitorado pela GCM e por equipes da Polícia Militar.

A operação teve início às 17h e, conforme a 1ª Delegacia Seccional Centro, o objetivo é prender traficantes que estão em atividade na rua e tiveram suas atuação registrada em vídeo.

A Polícia Civil ainda tenta cumprir 23 mandados de prisão expedidos pela Justiça contra traficantes identificados durante investigações da Caronte.

Até as 18h, não havia informações sobre presos.

Quatro meses após a expulsão de dependentes químicos da praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, as cenas de venda e consumo de drogas na cracolândia ainda fazem parte do cotidiano da região.

Nem mesmo as prisões de mais de uma centena de pessoas têm intimidado os traficantes.

A reportagem flagrou, na última terça (13), o momento em que pedras de crack eram livremente comercializadas na via. Alguns traficantes tentavam se esconder sob lonas amarradas em árvores e postes. Até cones da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) eram utilizados como apoio.

Outras bancas no local eram responsáveis pela venda de cigarros, bebidas alcoólicas, roupas e cachimbos.

Na última semana, a reportagem também notou venda de crack em mais dois pontos.

Um dos mais recentes fluxos, nome dado à concentração de dependentes químicos, fica na rua Vitória, na altura da rua Conselheiro Nébias. Esse ponto está a cerca de meio quilômetro do da rua Helvétia.

Ali, na manhã da última quinta (15), usuários de drogas e traficantes se misturavam em meio aos carros, que tentavam seguir em direção à avenida Rio Branco.

Não havia tendas ou barracas no local. As drogas eram expostas em um caixote de madeira, como os utilizados em feiras livres para acomodar frutas.

A chegada do fluxo àquele ponto foi motivo de manifestação de moradores e comerciantes no início do mês. No dia 1°, uma quinta-feira, enquanto uma ação da Caronte era realizada na Helvétia, um grupo ateou fogo em pneus e gritou "fora, cracolândia", mesma mensagem reproduzida em cartazes.

Não tão distante dali, havia um outro fluxo. A aglomeração no cruzamento das ruas dos Gusmões e do Triunfo se dava em meio aos veículos que tentavam trafegar no sentido da Santa Ifigênia.

Sem se importar com o comércio aberto, homens e mulheres carregavam cachimbos nas mãos. Alguns deles consumiam drogas no local.

"É simplesmente um inferno. É triste, é revoltante. Você morar no centro da maior capital do Brasil, ver sempre sendo exaltado que é um lugar de pontos turísticos e não poder sair nem para comprar pão", disse o comerciante Pablo Ferreira, 32, morador da rua dos Gusmões.

Mesmo de longe, diz ele, é possível ouvir gritos de "olha o pó, olha a pedra", principalmente à noite.

"Imagina sair à noite? Como você passa com sua esposa e filhos num lugar como esse? Não tem condição. Carro de aplicativo, você tem que implorar para aceitarem. Ônibus, nossa, você não consegue ficar no ponto sem ser assaltado. É triste demais."

Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), sob gestão do governador Rodrigo Garcia (PSDB), não comentou a volta das tendas, mas afirmou que o policiamento na região foi intensificado e que monitora, com a prefeitura, o deslocamento de usuários de drogas. Conforme a pasta, de janeiro a agosto de 2022, 195 suspeitos foram presos em flagrante.

Assim como o estado, a administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não se manifestou sobre a volta do tráfico em tendas. Por email, a administração municipal disse que a GCM realiza o policiamento comunitário e preventivo na região da Nova Luz, 24 horas, com efetivo de 80 agentes e 20 viaturas.

De acordo com a gestão, até agosto, a GCM atendeu a 218 ocorrências no território da Nova Luz, sendo 89 relacionadas a entorpecentes. No mesmo período, 266 pessoas foram conduzidas ao distrito policial e 208 ficaram detidas. Cerca de dez quilos de entorpecentes, incluindo cocaína, crack e maconha foram apreendidos, além de R$ 45 mil em dinheiro.

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