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Descrição de chapéu Obituário Maria Aparecida Zuicker Simões (1922 - 2022)

Mortes: Em 100 anos, amparou a família, fez amigos e praticou a caridade

Acolhedora e afetuosa, Maria Aparecida Zuicker Simões dedicou parte da vida aos sobrinhos

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São Paulo

Uma perda auditiva e a dificuldade financeira interromperam o sonho da pré-adolescente Maria Aparecida Zuicker Simões de ser pianista.

Natural de Pirajuí (a 384 km de São Paulo), ela era a primogênita de quatro filhos de Blanca Zuicker —a primeira professora do ensino público de Birigui (a 507 km da capital paulista)— com Jayme Brasil Simões, titular de cartório.

O envolvimento de Jayme com a política trouxe como consequências perdas materiais, o que motivou a mudança da família para São Paulo.

Maria Aparecida Zuicker Simões (1922-2022) - Arquivo pessoal

A evolução da medicina, anos depois, trouxe novas possibilidades, como a cirurgia e uso de aparelho auditivo. Mesmo assim, o desejo de se sentar ao piano e tocar as obras dos compositores prediletos ficou no passado.

Aos 14 anos, a jovem iniciou a vida profissional num escritório de advocacia. Atuou em outros do mesmo segmento até passar num concurso para a Secretaria da Fazenda. Ainda em órgãos públicos, trabalhou na Secretaria de Planejamento, Assembleia Legislativa e no Tribunal de Contas do Estado, em cargos administrativos. Aos 40 anos, iniciou o curso de direito.

Chamada de tia Filhinha pela família, Maria Aparecida era tímida —provavelmente devido à perda auditiva—, mas dona de uma capacidade inspiradora para fazer amigos. Afetuosa, acolhedora e intensa, adorava crianças. Equilibrava de forma harmônica o catolicismo fervoroso e o jeito flexível com pitadas de modernidade.

"Eu a admirava por conciliar esse conservadorismo, aceitar a modernidade da família e se abrir às possibilidades da vida", diz o jornalista Inimá Ferreira Simões, 72, um dos sobrinhos.

"Ela preencheu muitos vácuos na família. Cuidou de todos, principalmente dos sobrinhos. Ajudou alguns com dinheiro, outros com compra de roupas ou pagando faculdade. Também ajudou materialmente dezenas de pessoas, principalmente as humildes", conta.

Josefa foi sua funcionária durante 35 anos, além de amiga. Na época da Copa do Mundo, a parceria se estendia ao futebol. Maria Aparecida e Josefa vestiam a camisa da seleção, cantavam o Hino Nacional com as mãos no peito e assistiam aos jogos do Mundial.

A longevidade permitiu que dirigisse até mais de 80 anos —o Fusca está guardado em sua garagem até hoje. Tia filhinha nunca reclamou da vida, mas do trânsito e do mau motorista, sim. Ela trabalhou até perto dos 90 anos e a lucidez começou a se despedir próximo aos cem.

Maria Aparecida morreu no último dia 15, aos cem anos. Ela sofreu uma parada cardíaca, ficou pouco mais de um dia internada e partiu. Deixou sobrinhos, sobrinhos-netos e uma coleção de bons exemplos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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