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Morador de favela em BH vai dançar balé clássico em companhia nos Estados Unidos

Antes da mudança, Dyhan Pierre estuda e acumula as funções de garçom e motoboy no restaurante da família

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Belo Horizonte

Quem vai ao restaurante Barrankus, no Aglomerado da Serra, um conjunto de favelas na zona sul de Belo Horizonte, ainda pode encontrar um rapaz chamado Dyhan Pierre, 19, servindo mesas ou saindo de moto para fazer entregas.

O restaurante é mantido pela família há oito anos. Dyhan sempre ajudou. Ainda em 2023, porém, o rapaz vai passar a se dedicar exclusivamente a sua outra atividade diária: o balé clássico. E em outro país: os Estados Unidos.

O bailarino Dyhan Pierre, durante apresentação em Belo Horizonte. Artista passou em teste vai dançar na companhia Atlanta Ballet, nos Estados Unidos - Divulgação/AT Fotografia

No último dia 10, Dyhan fez um teste em Belo Horizonte para admissão pela Atlanta Ballet, uma companhia na cidade de mesmo nome, no estado da Geórgia, e foi aprovado.

O embarque ainda não tem data certa. O bailarino está reunindo recursos, inclusive via doações, para a passagem e os primeiros momentos da nova vida.

O bailarino Dyhan Pierre, que vai dançar nos Estados Unidos, ao lado do pai, Valdeci Cardoso, e da mãe, Heloísa Helena de Sousa Cardoso - Leonardo Augusto/Folhapress

A companhia se compromete a fornecer sapatilhas, moradia e um salário. Mas os gastos com a viagem ficam por conta da família.

O Atlanta Ballet é uma das primeiras companhias de dança criadas nos Estados Unidos. Foi inaugurada em 1929.

A história de Dyhan com o balé clássico começou em um campo de futebol. Aos cinco anos, os pais o colocaram para jogar bola e nadar em um programa social na favela.

A irmã dançava balé no mesmo programa. "Eu a via dançando e um dia pedi à professora que eu também fosse aluno. Ela disse que os meus pais teriam que autorizar. Eles autorizaram e eu comecei a fazer as aulas", conta Dyhan. A irmã acabou abandonando a dança.

Depois disso, Dyhan passou por várias academias de Belo Horizonte. O contrato do bailarino em Atlanta prevê a participação na companhia no mínimo até o final de 2024. "Quero crescer lá", diz.

Dyhan afirma já ter sofrido preconceito por fazer balé. "Nunca me abalou. Sei lidar muito bem com isso. Retruco", afirma. Quem ensinou a tática, conforme o bailarino, foi a mãe, Heloísa Helena de Sousa Cardoso, 57, a cozinheira do Barrankus.

Heloísa e o pai de Dyhan, Valdecir Cardoso, 46, são grandes incentivadores do filho. Em tom de brincadeira, reclamam apenas de terem que trabalhar mais com o desfalque do filho no restaurante. "Dançar é a paixão dele", diz Valdecir.

Apesar do dia a dia atribulado, Dyhan não abandonou os estudos. O bailarino faz curso superior de perito criminal online em uma faculdade da capital. "Vou concluir quando estiver nos Estados Unidos", planeja.

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