Empresário condenado por chacina de Unaí (MG) se entrega à polícia

OUTRO LADO: Defesa, que vai pedir habeas corpus, diz que não há condenação definitiva e que não cabe a execução provisória da pena

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Salvador e Rio de Janeiro

O empresário e ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, se entregou na manhã deste sábado (16) à Polícia Federal, em Brasília, dias após ter a prisão decretada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

A informação foi confirmada pelo advogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa de Mânica. Ele disse que deve entrar com um pedido de habeas corpus contra a prisão do empresário.

Empresário Antério Mânica, acusado de chacina em Unaí (MG), se entregou à Polícia Federal - Reprodução/TV Globo

Antério Mânica foi condenado por um júri popular em maio de 2022 a 64 anos de prisão. Ele é apontado como mandante da chacina que vitimou auditores fiscais ocorrida na cidade em 28 de janeiro de 2004 na cidade de Unaí (605 km de Belo Horizonte).

À época, os auditores do trabalho Eratóstenes Gonçalves, João Batista Lage e Nelson José da Silva e realizavam fiscalizações de trabalho análogo à escravidão na região de Unaí quando foram mortos a tiros em uma emboscada. O motorista Ailton de Oliveira, que acompanhava o trio, também foi morto na ação.

Antério Mânica chegou a ser condenado a cem anos de prisão em outubro de 2015 por homicídio quádruplo, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante pagamento e sem a possibilidade de defesa das vítimas.

No entanto, em novembro de 2018, a condenação foi anulada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que aceitou um recurso da defesa que apontava a insuficiência de provas. Foi determinada, então, a realização do novo julgamento, ocorrido em 2022.

O 28 de janeiro foi declarado como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo em homenagem aos quatro trabalhadores assassinados na emboscada no interior de Minas Gerais.

Auditores fiscais do trabalho protestam em frente ao Tribunal do Júri da Justiça Federal, em Belo Horizonte, no primeiro dia do julgamento da chacina de Unaí - Ascom Sinait

Nesta semana, o TRF-6 (Tribunal Regional Federal da 6ª Região), em Minas Gerais, determinou a prisão imediata dos irmãos Antério e Norberto Mânica, condenados pela chacina. A decisão atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal).

O advogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa do empresário, disse considerar ilegal e injusta ordem de prisão contra o empresário.

Ele afirma que há diversas nulidades no segundo julgamento do empresário, que aconteceu no ano passado, e que a defesa fez uma apelação pleiteando a anulação da condenação.

"O caso ainda está pendente de julgamento. Como não há condenação definitiva, entendemos que é incabível essa execução provisória da pena", afirmou.

Em nota, o Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho) comentou a prisão do ex-prefeito neste sábado.

"Toda a luta do Sinait e familiares das vítimas ao longo dos últimos quase 20 anos não foi em vão e certamente sem esse trabalho não teríamos chegado a esse desfecho, pois os envolvidos são pessoas de alto poder econômico, com os melhores advogados de defesa", disse a entidade.

Empresário Antério Mânica, acusado de chacina em Unaí (MG), se entregou à Polícia Federal - Reprodução/TV Globo
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