Censo 2022

Número de brasileiros que se declaram brancos cai 3,1% em 12 anos

Total dos que se identificam como pretos cresceu 42,3%, segundo dados do Censo 2022

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São Paulo

O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indica uma tendência de recuo das pessoas que se identificam como brancas e um crescimento das que se declaram pretos e pardos.

O levantamento de 2022 mostra pela primeira vez os pardos liderando a estatística, com 45,3% da população, superando os brancos, que agora são 43,5%.

Em 1991, os pardos eram 42,5%, enquanto os brancos estavam na ponta com 51,6%.

Do Censo anterior, de 2010, para este, de 2022, o total de brasileiros que se disseram brancos caiu 3,1%, chegando a 88.252.121. Os que se autodeclararam pretos cresceu 42,3% (20.656.458), e os pardos, 11,9% (92.083.286).

'Cor ou raça' é um tópico presente no recenseamento da população residente no Brasil desde o Império, segundo o IBGE. O primeiro recenseamento é de 1872. A população foi dividida em brancos, pardos, pretos e caboclos. Por estar localizada temporalmente antes da abolição da escravidão, havia ainda uma divisão entre população escrava ou livre.. /LabCAP03

No Censo de 1890, havia as categorias branca, preta, cabocla e mestiça; na imagem, obra de Benedito Calixto de 1890 chamada 'Porto de Santos'. Sérgio Guerini/Divulgação/unknown

No Censo de 1940, a divisão ficou em preta, branca e amarela, com outras respostas sendo codificadas como pardas; na foto, praça do Patriarca, região central de São Paulo, na década de 1940. São Paulo Antiga/

Nas décadas de 1880, 1910 e 1930 não houve pesquisa censitária no Brasil. Já nas décadas de 1900, 1920 e 1970, o quesito cor ou raça não entrou na pesquisa; na foto, largo de São Francisco, no final da década de 1920, em São Paulo. Acervo São Paulo Antiga/

No Censo de 1950, as divisões usadas foram branca, preta, amarela, parda. Segundo o IBGE, havia instruções para os recenseadores não usarem morena nas respostas. O IBGE também aponta que, a partir de 1950, começam as instruções para os recenseadores sobre o princípio da autodeclaração; na foto, vista da Avenida Ipiranga, em São Paulo, em meados da década de 1950. São Paulo Antiga/Divulgação

Na década de 1960, incluíram índia às outras possibilidade de cor ou raça disponíveis na década anterior. Porém, essa classificação só era permitida para pessoas que viviam em aldeamentos ou postos indígenas. Fora desses locais, quem se declarasse como índia era classificada como parda. Na pesquisa de 1980, a categoria índia desaparece; na foto, inundação, em 1967, no vale do Anhangabau, centro de São Paulo. Acervo UH - 7.fev.1967/Folhapress/Acervo UH - 7.fev.1967/Folhapress

No Censo de 1991, indígena é definitivamente incluído na pesquisa, junto a branca, preta, amarela e parda; na foto, em 1991, indígena yanomami com beija-flor, na aldeia Demini, em Roraima. Rosa Gauditano/Divulgação/Rosa Gauditano

Após o Censo dos anos 2000, caso uma pessoa se declarasse indígena, também eram feitas questões sobre etnia e língua falada. O resto da estrutura permaneceu igual; na foto, as recenseadoras Betania Duarte de Almeida Alves, Evelin de Souza, e Adriana Santos andavam por São Paulo e tinham dificuldade para realizar o trabalho, por moradores não quererem recebê-las. Luiz Carlos Murauskas - 29.out.2010/Folhapress/Luiz Carlos Murauskas - 29.out.2010/Folhapress

Teoricamente realizado a cada dez anos, o Censo deveria ter ocorrido em 2020, mas foi impedido por causa da pandemia de Covid-19. Após isso, sofreu atrasos, problemas com pagamentos a recenseadores, desistência de profissionais, ameaça de greve, fake news e alta rejeição de parte da sociedade na hora de informar os dados. A parte de coleta dos dados começou em 1º de agosto de 2022 e só terminou em maio de 2023; na foto, recenseador entrevista Lenilda Oliveira Santos, 54, em São Paulo. Jardiel Carvalho/Folhapress/Jardiel Carvalho/Folhapress

Neste recorte, a população que mais cresceu foi a de indígenas: 89%. O total atual é de 1.694.836.

Em relação às regiões do país, apenas o Sudeste e o Sul ainda possuem mais brancos que pardos. Nas demais, os pardos já são maioria.

Boa Vista do Ramos (AM) é o município com maior percentual de população que se declara parda, com 92,7%; na foto, em dezembro de 2018, Festival Folclórico de Boa Vista do Ramos. Prefeitura Municipal de Boa Vista/Facebook/

Uiramutã (RR) é o município brasileiro com maior percentual de população que se declara indígena, com 96,6%; na foto, vista aérea da cidade. carina furlanetto - stock.adobe./

Roraima é o estado que, percentualmente, tem a maior proporção de população que se declarada indígena, com 15,4%; na foto indígena macuxi próximo ao rio Uraricoera, perto da Terra Indigena Boqueirao, em Roraima. Lalo de Almeida - 9.fev.2023/Folhapress/

Pará é o estado com maior percentual de população que se declara parda, com 69,9%; na foto, homem limpa caixa usada no transporte de pescado em frente ao Mercado do Ver-o-Peso em Belém. Lalo de Almeida - 23.mai.2023/Folhapress/

O estado de São Paulo é o que, percentualmente, conta com a maior população que se declara amarela, com 1,2%, segundo o IBGE; na foto, bairro da Liberdade, tradicionalmente associado à imigração japonesa. Folhapress/Eduardo Knapp - 1º.out.2023

Bahia é o estado com maior percentual de população que se declara preta, cerca de 22,4%, segundo os novos dados do IBGE; na foto, devotos durante festa de Santa Barbara, em Salvador. Felipe Iruata - 4.dez.2023/Reuters/

Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior percentual de brancos, com 78,4% da população se declarando como branca; na foto, pessoas de skate em Porto Alegre. Silvio Avila - 15.dez.2023/AFP/

Morrinhos do Sul (RS) é o município com maior participação de pessoas brancas, com 97,4%, segundo os novos dados do IBGE; as três primeiras posições são dominadas por cidade do Rio Grande do Sul. prefeituramorrinhosdosul/Instagram /prefeituramorrinhosdosul/Instagram

Serrano do Maranhão (MA) é a cidade brasileira com maior percentual de população preta, com 58,5%; na foto, Porto do Sindim, na zona rural de Serrano do Maranhão. Reprodução Instagram/@serranodomanhao.oficial/

Município Assaí (PR) é o que tem a maior proporção de pessoas de cor amarela, chegando 11,5%, de acordo com os novos resultados do IBGE; na foto, festa de Tanabata na cidade. Reprodução/Site Prefeitura Tanabata/

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