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Descrição de chapéu violência

O que se sabe sobre o caso da advogada suspeita de envenenar ex-sogro e mãe dele em Goiás

Polícia diz que mortes ocorreram após consumo de bolo com veneno; OUTRO LADO: em primeiro depoimento ela negou o crime, afirma delegado

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil de Goiás anunciou na sexta-feira (29) o fim da investigação do caso envolvendo a advogada Amanda Partata, 31, suspeita de matar por envenenamento o ex-sogro Leonardo Pereira Alves, 58, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, 86.

Segundo a corporação, a advogada será indiciada por duplo homicídio e pela tentativa de um terceiro homicídio, contra o marido de Luzia.

As mortes ocorreram no dia 17 de dezembro, após um café da manhã, em Goiânia. A seguir, veja o que se sabe até o momento sobre o caso.

Segundo polícia, imagem mostra Amanda Partata a caminho de academia de hotel enquanto dizia a ex-namorado que estava passando mal - Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Como o caso veio à tona?
Leonardo e Luzia morreram após darem entrada em um hospital com sintomas de uma possível intoxicação alimentar. Essa hipótese, porém, foi descartada pela Polícia Civil, que trabalha com a tese de envenenamento.

A investigação apontou que Leonardo e Luzia receberam uma visita de Amanda Partata no dia 17 de dezembro, quando ela levou alimentos para o café da manhã para as vítimas.

Após a refeição, mãe e filho sentiram dores abdominais e tiveram vômito e diarreia. A polícia inicialmente suspeitou de intoxicação alimentar, mas descartou a possibilidade após análise da Polícia Técnico-Científica.

Amanda foi presa no dia 20 de dezembro.

O que teria motivado o crime?
A investigação associou o crime ao fim do namoro da advogada com o filho de Leonardo, em julho. a Segundo a Polícia Civil de Goiás, Amanda vinha fazendo ameaças ao ex-namorado e aos familiares dele por meio de ligações telefônicas e perfis falsos nas redes sociais.

Ainda de acordo com a investigação, Amanda teria forjado uma gestação como forma de permanecer em contato com os parentes do ex-namorado. A advogada teria enviado um exame falso de gravidez para ele e até organizado um chá revelação.

A investigação se baseia em quais elementos?
Na última sexta-feira, a polícia afirmou que a investigação está baseada em mais de 50 horas de vídeos de câmeras de monitoramento, além de depoimentos, trocas de mensagens e análise de documentos. A corporação chegou a pedir a quebra do sigilo fiscal de Amanda durante a apuração do caso.

A advogada vivia no município de Itumbiara (a 208 km de Goiânia) e, de acordo com a polícia, chegou à capital goiana no dia 14 de dezembro. A suspeita se hospedou em um hotel local.

A investigação encontrou comportamentos suspeitos de Amanda, por exemplo uma ida à academia do hotel às 6h59 do dia 15 de dezembro. Captada por uma câmera de monitoramento, a cena gerou desconfiança porque neste mesmo horário Amanda conversava com o ex-namorado no WhatsApp e dizia a ele que estava passando mal, ainda segundo a polícia. Ela também teria afirmado que havia tido um sangramento na noite anterior.

Como teria ocorrido o envenenamento de Leonardo e Luzia?
A Polícia Civil disse que a advogada recebeu no hotel, no dia 16 de dezembro, uma encomenda em uma caixa de papelão. Na caixa estaria o veneno que teria sido usado para matar o ex-sogro e a mãe dele, de acordo com a investigação.

O nome da substância líquida não foi divulgado. A encomenda foi levada de Itumbiara a Goiânia por um motorista cadastrado em um aplicativo de transporte, que entrou em contato com a Polícia Civil após a repercussão do caso, segundo o delegado Carlos Alfama, responsável pela investigação.

O motorista, diz o delegado, contribuiu com a apuração do crime, alertando que a mercadoria apresentava nota fiscal. A polícia então solicitou a quebra do sigilo fiscal de Amanda.

"Na quebra do sigilo fiscal, chegamos a uma nota fiscal que esclareceu qual foi o veneno que Amanda utilizou para matar Leonardo e dona Luzia", disse o delegado. "Essa nota fiscal foi de uma compra pela internet, no nome e no CPF da Amanda. O endereço de entrega foi o endereço da Amanda em Itumbiara."

Investigação aponta que suspeita recebeu, em hotel em Goiânia, caixa que continha substância usada para matar o ex-sogro e a mãe dele - Divulgação/Polícia Civil de Goiás

A investigação também apontou que, por volta de 7h45 do dia 17, a advogada saiu do hotel e foi a um mercado em Goiânia. No local, comprou alimentos como pães de queijo, suco e bolos de pote, além de uma orquídea, diz a polícia.

Depois, ela retornou com os produtos para o hotel, trocou de roupa e saiu para o café da manhã na casa das vítimas, segundo a investigação.

Amanda teria ido até a residência do ex-sogro e da mãe dele em um carro de aplicativo. Ela chegou ao destino por volta das 9h16 do dia 17. Segundo a Polícia Civil, uma imagem mostra que Amanda foi recebida pelo ex-sogro com um abraço.

"Não há dúvidas de que ela ministrou o veneno. O que não se sabe é, unicamente, se foi no hotel ou na casa das vítimas. O veneno foi encontrado em dois bolos no pote e nos cadáveres das vítimas", disse o delegado.

De acordo com a investigação, o marido de Luzia também estava na casa, mas não comeu os doces no café da manhã por ser diabético.

A polícia concluiu que Amanda permaneceu no local até aproximadamente as 12h do dia 17. Depois ela teria voltado ao hotel para pegar seus pertences e viajou para Itumbiara por meio de um aplicativo de carona.

O que dizem a suspeita e sua defesa?
A Folha procurou a defesa da advogada por meio de mensagens e ligações telefônicas no sábado (30) e neste domingo (31), mas não obteve retorno até a publicação deste texto. No início da investigação, a defesa havia dito que só se pronunciaria sobre o caso após audiência de custódia.

Em um primeiro interrogatório, Amanda negou o crime, mas demonstrou sinais de nervosismo, segundo a polícia.

"Ela forjava mal-estar, como se também tivesse ingerido alimentos estragados. Pediu para ir ao banheiro vomitar umas 15 vezes durante o primeiro interrogatório. Em uma das oportunidades, dei a ela uma lixeira para que vomitasse, e ela não vomitou nada", disse o delegado Carlos Alfama.

Em um segundo interrogatório, a advogada optou por permanecer em silêncio, de acordo com a Polícia Civil.

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