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Descrição de chapéu Obituário Djacira Maia de Oliveira (1945 - 2024)

Mortes: Primeira indigenista do Acre é referência na educação

Dedê Maia iniciou nas causas indígenas em 1978, quando foi batizada como Same Innãny pelos Huni Kui

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Juazeiro (BA)

Dedê Maia dedicou a vida à luta pela educação dos povos indígenas no Acre. Durante décadas, formou professores indígenas nas aldeias e acompanhou de perto suas escolas.

"Ela tinha a concepção de que o trabalho da educação indígena diferenciada valoriza a língua indígena", afirma o amigo Terri Aquino, 77.

Dedê iniciou sua caminhada por terras indígenas acompanhando Terri, pesquisador da área. Começou dando aulas para organizar a contabilidade dos seringais e aproveitava para ensinar crianças.

Foi a primeira professora da aldeia São Vicente, na Terra Indígena Kaxinawá do rio Humaitá. Em 1978, foi batizada como Samē Innãny pelo seu povo, os Huni Kuĩ.

Djacira Maia de Oliveira (1945 - 2024) - Reprodução/Facebook

Esteve entre o grupo que fundou a CPI-Acre (Comissão Pró-Indígenas do Acre). Atuou na revitalização das tradições de vários povos originários no estado e foi mentora do seu Centro de Documentação e Pesquisa Indígena.

Reunindo cartas que escreveu durante sua estadia na floresta, lançou em 2020 o livro "Viagem Pelos Rios do Interior". E, nos últimos anos, dedicou-se ao audiovisual. Por seu trabalho, recebeu o prêmio Chico Mendes de Resistência 2023.

"A Dedê sempre foi uma mulher muito forte, determinada e presente", diz a coordenadora executiva da CPI-Acre Vera Olinda, 60.

Djacira Maia de Oliveira nasceu em Rio Branco, em 1945. Era a mais velha de quatro irmãs. A família, tradicional acreana, tem raízes nordestinas e indígenas. Mas foram criadas sem essa informação. O pai havia sofrido muito preconceito e tinha vergonha da origem.

Aos 11, foi estudar em um colégio interno no Rio de Janeiro. De temperamento rebelde, perdia o direito de sair aos fins de semana e sua família teve que se mudar para acompanhá-la.

Dedê estudou piano e foi autodidata em educação popular. Adorava cozinhar e cuidar das plantas no jardim, dom que herdou da mãe.

Casou-se em 1964, em sua cidade natal, mas com o fluminense Climério Rodrigues Coube, de quem foi vizinha em Niterói (RJ). Com o economista, voltou ao sudeste e ficaram juntos até 1977. Tiveram três filhos, aos quais ela dizia: "o que a vida quer da gente é coragem".

"Minha mãe sempre foi um exemplo de luta e, sobretudo, de resiliência", diz a filha Patricia Oliveira Coube, 54.

A indigenista teve um câncer de útero em 2017, fez o tratamento e se curou. Mas ficaram sequelas graves. Nos dois últimos anos, teve problemas de circulação e ficou com dificuldade para andar, o que a impediu de voltar às aldeias.

Morreu no dia 3 de fevereiro, aos 78 anos. Deixa os filhos Maria Esther, 58, Marcelo, 57, e Patricia, 54; os netos Lucas, 36, Antônio, 21, Luiza, 21, e Francisco, 20; e o bisneto Cauê, 2.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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