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Descrição de chapéu violência

Ministério Público denuncia PMs que abordaram jovens negros em Ipanema

Um dos policiais disse, em depoimento, que ouviu relatos sobre assaltos na região e fazia patrulha

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São Paulo

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou à Justiça os policiais militares que abordaram quatro adolescentes, três deles negros, em Ipanema, em julho deste ano.

O caso envolveu filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Fasso e de um diplomata do Canadá. O quarto adolescente era um brasileiro branco.

Os sargentos Luiz Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinho foram denunciados pelos crimes de ameaça e constrangimento ilegal.

Imagens de câmeras de segurança mostram PMs abordando com fuzis quatro adolescentes - @GugaNoblat no X/Reprodução

Em agosto, a Polícia Civil concluiu não ter havido racismo na abordagem dos adolescentes.

A denúncia foi feita pela 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria de Justiça Militar.

Segundo o Ministério Público, os policiais abordaram os quatro de forma truculenta. Os adolescentes entravam em um prédio na rua Prudente de Morais quando o carro da PM parou na calçada e os policiais desceram com as armas em punho.

O grupo foi obrigado a encostar em uma parede para ser revistado. Enquanto um dos policiais fazia a segurança do local, o outro revistou os quatro meninos e os obrigou a exibir as partes genitais.

Segundo a denúncia, um dos policiais disse aos adolescentes que eles deveriam ficar atentos devido aos crimes que estariam sendo praticados no bairro.

"Não deveriam sair de casa nesse horário e que, na próxima revista, poderia ser pior", diz trecho do documento assinado pelo promotor Paulo Roberto Mello Cunha Júnior.

Em depoimento à Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo), o sargento Marinho afirmou que momentos antes de abordar os adolescentes estava em patrulha e foi procurado por dois homens que relataram terem sido assaltados na região.

Uma mulher, que teria testemunhado o roubo, teria dito que os assaltantes eram jovens e estavam em grupo, com facas. Ainda de acordo com o depoimento do policial, a testemunha afirmou que alguns dos assaltantes eram negros.

A partir dos relatos, os policiais começaram as buscas aos suspeitos. Na rua Prudente de Morais, ele disse que a dupla se deparou com os adolescentes agrupados e decidiu fazer a abordagem.

ENTENDA O CASO

Câmeras de segurança gravaram a abordagem da polícia em uma rua de Ipanema. Os quatro adolescentes, de 13 e 14 anos de idade, voltavam da praça Nossa Senhora da Paz após jogar futebol e, ao chegar a um prédio, foram empurrados para a garagem e revistados.

"Um dos meus netos estava com os meninos vítimas da violência racista da polícia do Rio", escreveu o jornalista Ricardo Noblat nas redes sociais. "Testemunha do episódio, o porteiro do prédio da rua Prudente de Moraes foi chamado a depor. Está assustado, e com razão."

Segundo a mãe do jovem branco, Rhaiana Rondon, os quatro amigos moram em Brasília e estavam no Rio para passar férias, acompanhados dos avós de um deles, em uma viagem planejada havia vários meses.

"Foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas. Sem perguntar nada, encostaram os meninos no muro do condomínio", disse Rhaiana. "Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Foram obrigados a tirar os casacos e levantar o saco."

Ainda de acordo com o relato, os adolescentes foram questionados sobre o que faziam na rua. Os três filhos de diplomatas não entenderam a pergunta, por serem estrangeiros, e não conseguiram responder. O filho dela respondeu, e em seguida o grupo foi liberado.

"Antes alertaram as crianças para não andarem na rua, pois seriam abordados novamente", afirmou a mãe. "A abordagem foi racial e criminosa."

O Itamaraty pediu desculpas aos pais dos jovens e divulgou nota pública. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, criticou a postura do órgão.

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