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Descrição de chapéu Obituário Ívano Ferreira do Nascimento (1963 - 2024)

Mortes: Marcou a cena musical de Pernambuco com reggae e mistura de ritmos

Cantor e compositor Ívano Nascimento foi considerado um dos precursores do som jamaicano no estado

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Juazeiro (BA)

Ívano Nascimento contava muitas histórias, uma delas sobre como iniciou na música. Tudo começou ao assistir a um show de Gilberto Gil e Jimmy Cliff no Recife, em 1979. Foram sua grande referência, principalmente a estética do jamaicano.

O primeiro violão que tocou foi emprestado por uma amiga da irmã. Era só o começo de uma trajetória musical. Considerado um dos precursores do reggae em Pernambuco, também cantou blues, maracatus e outros ritmos, muitas vezes misturando-os.

"Ele sempre teve uma personalidade muito forte, e a música foi algo onde ele pôde fazer uma extensão disso, da rebeldia de alguém que queria falar sobre a verdade", diz o irmão Felipe Artur Nascimento, 51, também músico.

Ívano Ferreira do Nascimento (1963 - 2024) - Arquivo pessoal

Sempre foi Ívano quem produziu seus trabalhos. Criticava que, mesmo sendo um celeiro musical, faltassem produtores no Recife. Entre seus discos estão "A Raça de Bronze", "Cadela Suja" e "Rebeldia, Suor, Sorriso & Lágrimas". Esse último foi lançado para comemorar seus 30 anos de carreira.

Gostava de dar oportunidade para novos músicos, porque lembrava como foi difícil começar a fazer shows como artista independente. Por vezes, ele mesmo carregava as caixas de som, usando carros emprestados ou até carroças.

Participou de diversos festivais de música. Na década de 1980, venceu o Festival Canta Nordeste com a música "Toque de Recolher". Em 2011, recebeu o Prêmio Solano Trindade.

Também esteve nos palcos como ator. Fez peças de teatro, séries e novelas, como "Xica da Silva" e "Malhação".

Nascido na capital pernambucana em 1963, Ívano Ferreira do Nascimento sempre amou a liberdade. Passou boa parte da juventude em praias e acampamentos. "Mar e mato era com ele mesmo. Nas festas da família, era raríssima a presença dele", afirma o irmão. O pai passou a representar o filho utilizando uma planta como símbolo nos encontros familiares.

Negro e adepto dos dreads, passou por várias situações de racismo. As tristes experiências se refletiram em composições, que usava como meio para combater a discriminação. Também atuou politicamente no movimento negro do estado.

Há oito meses, conseguiu comprar um sítio —desejo antigo—, onde criou galinhas e plantou muitas árvores. Dizia não querer mais nada.

Gostava de dormir e acordar cedo, além de estar em sintonia com a mata, onde falava com seus orixás. Leitor voraz, sua casa parecia uma biblioteca. Podia ter cama, mas preferia uma rede.

O músico não era mais o mesmo desde a morte do filho Onylê, afogado aos cinco anos. Morreu em decorrência do alcoolismo, aos 61 anos, no dia 28 de agosto. Deixa cinco filhos: Cedaira Talita, Clara, Dandara Bitú, Onylê (mesmo nome do irmão) e Iroko.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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