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Governo Bolsonaro atrasa bolsas de formação de professores por falta de orçamento

Cerca de 60 mil pessoas foram afetadas; Capes não sabe quando a situação será regularizada

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Brasília

O governo Jair Bolsonaro (sem partido) atrasou o pagamento referente a setembro de bolsas de dois programas de apoio à formação de professores. O motivo é a falta de orçamento.

Cerca de 60 mil bolsistas são afetados. Os atrasos atingem o Pibid (Programa Institucional de Iniciação à Docência) e o Residência Pedagógica, voltados para a qualificação prática de estudantes de cursos de licenciatura.

Ambos os programas são gerenciados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação). A Capes regula e fomenta a pós-graduação no país, mas tem essas duas iniciativas com foco na educação básica.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao lado da presidente da Capes, Claudia Mansani Queda de Toledo - Milton Ribeiro no Twitter - 15.abr.2021

Com orçamento reduzido nos últimos anos, os pagamentos dependem da aprovação pelo Congresso de um crédito suplementar direcionado à coordenação. Um projeto, de autoria do governo, prevê R$ 43 milhões para a Capes e está em trâmite desde o fim de agosto.

Dessa forma, a Capes não tem um prazo para regularizar a situação. "Após a liberação dos recursos, os pagamentos serão realizados em alguns dias, com máxima urgência", disse o órgão em nota.

Os pagamentos deveriam ter ocorrido no início deste mês. As bolsas são de R$ 400 para os estudantes de cursos de formação docente e chegam a R$ 1.500 para coordenadores institucionais —o programa é operacionalizado em parceria com universidades e escolas.

As duas iniciativas são consideradas de grande importância para a formação de professores e aproximação dos alunos com a realidade nas salas de aulas.

"É essencial para quem quer ser um docente, é um tapa na cara dos futuros docentes porque a gente vê como é o dia a dia de um professor, o que é a realidade.", diz o estudante de física Rafael Silva Vieira, 20.

Vieira é aluno da UFV (Universidade Federal de Viçosa) e bolsista do Pibid há cerca de um ano. "O valor de R$ 400 não é alto, mas muitos colegas dependem totalmente desse dinheiro para pagar as contas."

Em nota, o Fórum Nacional de Coordenadores do Pibid e Residência Pedagógica afirma que há descaso total com a situação. "A recomposição de orçamento significa que não foi garantido financeiramente o previsto no orçamento da Capes, demonstrando o descompromisso do Poder Executivo com a educação."

A presidente da Capes, Cláudia Queda de Toledo, publicou texto em alusão ao Dia dos Professores, celebrado nesta sexta-feira (15), e cita a questão.

"Os recursos necessários já foram disponibilizados pelo governo federal, mas o crédito precisou ser encaminhado via projeto de lei, já que não há mais permissão legal para a suplementação orçamentária por meio de ato do Executivo", escreve ele, que faz um apelo ao Congresso para acelerar a votação.

Sob o governo Bolsonaro, a Capes reduziu o número de bolsistas de pós-graduação apoiados pelo órgão. O corte realizado em 2019 atingiu a região Nordeste com mais força.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações também enfrenta escassez de recursos. A falta de orçamento já provocou a interrupção da produção de insumos para o tratamento de câncer.

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