Nova geração de alunos exigirá mudanças das universidades
Processo seletivo para ingresso no ensino superior também requer adaptação
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O novo ensino médio, que começa a ser implementado neste ano nas escolas do Brasil, traz mudanças conceituais e estruturais significativas. Os novos currículos procuram não apenas integrar áreas do conhecimento, mas também trazer uma abordagem menos conteudista (saber sobre algo) e mais focada no desenvolvimento de habilidades e competências (saber fazer e saber sobre si).
A própria estrutura curricular também sofre alterações fundamentais. Primeiro, passa a dedicar tempo para que o estudante vá além das matérias e construa seu projeto de vida. Segundo, oferece a escolha de eletivas e de aprofundamento em uma área específica ou na formação técnico-profissional.
Todas essas mudanças pretendem aumentar a escolha e o protagonismo dos estudantes na sua própria aprendizagem. Mas se o ensino médio passa por transformações, como ficam os exames de acesso à universidade? E mais: como universidades devem se reorganizar para lidar com quem passou pelo novo modelo?
Uma das recomendações do Conselho Nacional de Educação é bastante clara: Enem em duas etapas, uma comum a todos e outra vinculada ao curso do candidato.
Como os cursos de nível superior lidam com mais de uma área do conhecimento, as provas da segunda etapa poderiam abordar mais de uma disciplina, o que pode ser desafiador para quem optar por itinerários muito específicos no novo ensino médio.
Além da estrutura dos exames de acesso ao ensino superior, as matrizes de referência (ou, em linhas gerais, os conceitos que cada prova deve abordar) também precisam ser readequadas.
As questões de prova deverão ser capazes de avaliar se o estudante realmente desenvolveu habilidades e competências, priorizando uma abordagem interdisciplinar e a solução de problemas. Para isso, a prova pode passar a incluir questões discursivas, além das objetivas, o que exige a adoção de novos métodos de correção que precisam ser testados e validados.
O avanço na aplicação digital das provas também permitiria a realização de exames mais de uma vez ao ano e reduziria custos, o que ainda é algo distante da realidade de muitas escolas do país. Para que os estudantes possam se preparar adequadamente, essas alterações devem ser formalizadas e anunciadas com antecedência, mas o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) está atrasado na execução das etapas necessárias para isso se concretizar em 2024, como previsto.
Para que todas essas inovações não terminem ao final do vestibular, é necessário olhar para os currículos e a didática das próprias universidades. Aulas puramente expositivas e centradas no professor farão cada vez menos sentido para estudantes vindos de processos de aprendizagem como os do novo ensino médio.
É urgente que as universidades revejam suas práticas, investindo em modelos pedagógicos que convidem o aluno a construir seu próprio conhecimento e incorporando uma visão mais integral dos sujeitos que pretendem formar.
Para muitas instituições, são mudanças radicais e incômodas, mas necessárias para contribuir para a formação de profissionais que possam navegar e agir neste mundo de incertezas de forma autônoma, responsável e crítica.
Por fim, para que isso se torne realidade, será necessário reconstruir MEC e Inep. Não há reforma possível quando instituições tão essenciais param de funcionar.
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