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O que é intersexo, diagnóstico da influenciadora Karen Bachini

Termo é utilizado para identificar pessoas que têm diferenças no desenvolvimento sexual

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São Paulo

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira (21), a influenciadora Karen Bachini anunciou que é uma pessoa intersexo. O termo é utilizado para definir pessoas que apresentam diferenças no desenvolvimento sexual tradicional, mas essa condição ainda é pouco conhecida pela população geral.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 0,05% a 1,7% da população mundial nasce com características intersexuais. Essas características, porém, podem ser diferentes em cada indivíduo e não tem relação com gênero e sexualidade.

Influenciadora Karen Bachini gravou vídeo dizendo ter descoberto ser intersexo - Reprodução/Youtube Karen Bachini

O que caracteriza pessoas intersexo?

As características do sistema reprodutor –desde a formação da genitália até as gônadas que produzem hormônios– são determinadas pelos cromossomos sexuais.

De maneira geral, pessoas do sexo masculino possuem cromossosmos XY, enquanto no sexo feminino o padrão é XX.

Em pessoas intersexo, ocorrem alterações que modificam o desenvolvimento dos órgãos, e algumas das características do sexo biológico podem não ser tão demarcadas.

"O termo médico para isso é DDS (Diferenças no Desenvolvimento Sexual)", afirma o endocrinologista Júlio Américo, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo) e voluntário nos ambulatórios de Transgeneridade e de DDS/Intersexo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

"Quando essas diferenças causam interferências clínicas ou sociais, algumas pessoas passam a se denominar de intersexo", diz.

Alexandre Hohl, vice-presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM, declara que muitos pacientes não se sentem confortáveis com o termo.

Diferentes tipos

Segundo Américo, existem diferentes tipos de intersexualidade. Existe uma categorização científica, mas "cada caso é um caso".

Em alguns tipos, há alteração na genitália, em outros apenas nos órgãos internos ou na produção hormonal.

Em todos os casos, é recomendado o acompanhamento com profissionais especializados para evitar problemas de fertilidade, desconfortos na vida sexual e riscos ligados à produção hormonal.

Como é feita a identificação

A identificação de uma pessoa intersexo pelos profissionais da saúde pode ser feita de diversas maneiras, e depende de suas características e problemas apresentados.

Quando há uma genitália atípica, a investigação começa a partir do momento em que o pediatra identifica essa diferença. "Em outros casos, a investigação começa mais tarde, quando há diferenças na puberdade, ausência de menstruação, ou problemas de fertilidade, por exemplo", diz Américo.

Hohl destaca que, muitas vezes, as alterações fisiológicas não são chamativas e os sintomas podem se confundir com os de outras causas. "É uma condição de difícil diagnóstico em todo o mundo, não só no Brasil", pontua.

Importância do acompanhamento médico

Américo afirma que o acompanhamento é importante desde a infância para identificar e buscar tratar alterações hormonais que possam trazer prejuízos no futuro.

O acompanhamento precoce pode evitar insatisfações com altura ou riscos de desenvolvimento de tumores em certos tipos de intersexualidade. Porém, "em alguns casos, nenhuma terapia é necessária", indica.

Américo ressalta que intervenções cirúrgicas são recomendadas quando o paciente está insatisfeito ou quando há problemas de fertilidade. Em crianças, pode-se esperar até que o paciente tenha idade para consentir.

"Normalmente, os maiores problemas vêm da falta de compreensão da sociedade", relata o especialista.

Além disso, não realizar a reposição hormonal no momento certo, quando necessário, "pode trazer problemas graves de saúde", aponta Hohl. O endocrinologista diz que os hormônios sexuais também são importantes no processo de fortalecimento dos ossos, por exemplo.

Após o diagnóstico, é preciso manter acompanhamento médico especializado e também psicológico. As cirurgias, estéticas ou funcionais, só são recomendadas em alguns casos. "Hoje, é algo feito com muito cuidado para garantir que não sejam tomadas atitudes precipitadas", completa.

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