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Entenda como é usada a escala de Glasgow, que mede nível de consciência após lesão cerebral

Mecanismo não indica morte encefálica, cuja constatação, como no caso de Gugu, precisa de exames

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São Paulo

Nesta sexta (22) foi confirmada a morte do apresentador e jornalista Gugu Liberato após uma queda em sua casa na Flórida (EUA). Gugu teve uma lesão cerebral grave que impediu que ele fosse submetido a procedimentos cirúrgicos. Após exames, o apresentador teve morte cerebral constatada

A morte cerebral é irreversível, diferente do coma, situação em que o paciente ainda mantém atividade cerebral e há chance de recuperação. A morte cerebral só pode ser confirmada pelos exames eletroencefalograma, que mede a atividade elétrica na região, e exame de circulação sanguínea. 

Quando um paciente dá entrada em um hospital com traumatismo cranioencefálico, médicos e enfermeiros treinados para avaliações por meio da Escala de Glasgow analisam a gravidade da lesão por meio de três parâmetros: abertura ocular e respostas verbais e motoras.

A soma dos pontos da escala vai de 3 (mínimo) a 15 (máximo). Quanto menor a pontuação ao fim da avaliação, mais grave é a lesão. 

A Escala de Glasgow foi criada em 1974 por dois professores de neurologia da Universidade de Glasgow (Escócia) para medir o nível de consciência após uma lesão cerebral. 

Se a soma dos resultados ficar entre 13 e 15, o trauma é considerado leve. Entre 9 e 12, é moderado, mas se o resultado pertencer ao intervalo entre 3 e 8, o trauma é grave. Gugu Liberato deu entrada no hospital com grau 3. A escala prevê que o paciente deve ser entubado caso constatado grau inferior a 9, segundo informações da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). 

O grau 3 na Escala de Glasgow, entretanto, não indica morte cerebral. Mas, segundo médicos, não é comum pacientes com esse grau de lesão retomarem a consciência. 

Caso o paciente permaneça sem atividade encefálica por um período de seis a oito horas e os exames de de circulação sanguínea e de atividade elétrica no cérebro confirmarem a inatividade após este intervalo, aí sim pode-se considerar morte cerebral.

Em 2018, a escala foi atualizada e a reatividade pupilar foi introduzida. Veja como funciona a avaliação.

​O que é avaliado?

São avaliados três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

​Como é a pontuação?

Em cada uma das três categorias (abertura ocular, resposta verbal e resposta motora) os médicos atribuem uma pontuação de 1 a 5 para cada nível de resposta.

Abertura Ocular

Espontânea: 4

Ao estímulo sonoro: 3

Ao estímulo de pressão: 2

Sem resposta: 1

Resposta Verbal

Fala orientada: 5

Fala confusa: 4

Verbaliza palavras soltas: 3

Verbaliza sons (gemidos): 2

Sem resposta: 1

Resposta Motora

Obedece comandos: 6

Localização estímulo de pressão: 5

Flexão normal: 4

Flexão anormal: 3

Extensão anormal: 2

Sem resposta: 1

E a reatividade pupilar?

Após a soma dos pontos na escala, o médico ou enfermeiro avaliará como a pupila reage a estímulos luminosos. Se ambas as pupilas reagirem à luz, a soma da escala se mantém. Se apenas uma pupila reagir, subtrai-se um ponto da escala. Caso nenhuma das pupilas reaja, dois pontos são subtraídos da somatória. 

Esse complemento ajuda a avaliar com maior precisão a gravidade da lesão. 

​Dá para saber o que representa cada nível?

O nível 3, que é o mínimo, significa que a pessoa não abre os olhos, não fala nem se mexe ou reage a estímulos.

O nível 15, que é o máximo, significa que a pessoa abre os olhos espontaneamente, fala coerentemente e obedece a comandos para se movimentar.

Os níveis intermediários dependem da soma de pontos em cada uma das três categorias avaliadas (abertura ocular, resposta verbal e resposta motora).

Por exemplo, o nível 9 pode ser atribuído, hipoteticamente, tanto a uma pessoa que abre os olhos quando solicitada, não fala e apenas geme e tem flexão inespecífica (a soma de pontos neste caso seria 3 + 2 + 4 = 9), como a uma pessoa que só abre os olhos com estímulos dolorosos, conversa de forma desorientada e tem flexão hipertônica (2 + 4 + 3 = 9)

​A escala é a mesma em todo o mundo? 

É uma escala universal: quando um médico diz que um paciente está no grau 3, colegas de todo o mundo entendem o que isso significa.

Quem pode aplicar os testes?

Profissionais da área de saúde, como médicos e enfermeiras, treinados para aplicá-los e avaliar as respostas

​Grau 3 é o mesmo que morte cerebral?

Não. A escala mede apenas o estado neurológico do paciente. 

Como se detecta morte cerebral?

Os exames de circulação sanguínea e o eletroencefalograma, que verificam, respectivamente, a circulação de sangue e atividade elétrica no cérebro, são necessários para constatação de morte encefálica. 

A ausência total de circulação e de atividade elétrica indicam morte cerebral. 

​É possível que um paciente em grau 3 'melhore' para graus superiores?

Segundo médicos, a chance é mínima

​O que é estado vegetativo?

O estado vegetativo é um coma permanente, geralmente provocado por uma lesão difusa no cérebro.

Há casos de pessoas que ficam anos em coma, num estado crônico: dormem e acordam, mas não têm ciclos regulares de sono, respiram só por aparelhos e não se comunicam.

​Por que se induz o coma em casos de lesão?

Quando há lesões difusas, induz-se o coma por meio de medicamentos para diminuir o metabolismo do cérebro, o que poderia aumentar a chance de o órgão se recuperar.

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