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'Fomos em grande parte derrotados na vacinação de Covid', diz ministra da Saúde

Nísia Trindade cita 'desinformação criminosa' e afirma que faltou 'melhor comunicação' em atraso na compra de vacinas atualizadas; campanha com vacina atualizada 2024 inclui grupos de maior risco

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Belém (PA)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta terça-feira (9) que é preciso assumir a derrota na vacinação contra a Covid-19, em razão de uma "desinformação criminosa" que tem sido "bem-sucedida" até agora.

Na mesma fala, a ministra deu uma explicação para o atraso do governo Lula (PT) na compra de vacinas adaptadas para a variante XBB e afirmou que não faltarão imunizantes.

"Nós fomos em grande parte derrotados na questão da vacinação contra a Covid, a gente tem de assumir isso", disse Trindade, em um painel do terceiro dia da 76ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada em Belém, no campus da UFPA (Universidade Federal do Pará).

A ministra Nísia Trindade ao lado do presidente Lula (PT) em coletiva temática sobre a saúde - Gabriela Biló - 02.abr.2024/Folhapress

"Falar de derrota é um pouco forte porque a gente está aí para lutar, mas a gente tem de assumir que nessa vacina específica criou-se de fato uma percepção de risco da vacina maior do que o risco da doença. Temos de trabalhar isso para superar", afirmou a ministra.

Políticos de direita, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno e milícias digitais atuaram contra a vacinação, tanto durante a pandemia quanto posteriormente. As campanhas feitas contrariam a ciência, que atesta a eficácia dos imunizantes, cruciais para a superação das fases mais críticas e letais da pandemia.

"Superamos a fase da pandemia, mas a Covid continua um problema de saúde pública. Precisamos pensar em outras estratégias, além de campanhas", disse Trindade. "A vacinação de crianças e adolescentes, que é um direito previsto no Estatuto, foi colocada como livre arbítrio. Liberdade democrática não significa supremacia de uma vontade individual em detrimento do coletivo."

O Ministério da Saúde precisou adiar o começo de uma campanha nacional de vacinação contra a Covid em razão de atraso na compra de doses. Até agora, a pasta entregou menos de 10% das vacinas atualizadas contra a doença.

Segundo o ministério, houve repasse de 5,7 milhões de imunizantes da nova geração desde o começo de maio. São vacinas adaptadas para a variante XBB, compradas com atraso. O plano é distribuir 70 milhões de doses até o fim do ano.

A campanha atual é voltada para pessoas com mais de 60 anos, com comorbidades, imunocromprometidos, profissionais de saúde, gestantes, puérperas, indígenas, quilombolas, profissionais que atuam no sistema carcerário, pessoas em privação de liberdade, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas, pessoas em situação de rua e crianças de seis meses a cinco anos de idade.

"Houve muita controvérsia em torno dessa vacina do ponto de vista do prazo do Ministério da Saúde. Deveríamos ter comunicado melhor. A ideia de que houve um atraso ficou marcada no imaginário", disse a ministra.

Segundo ela, um pregão emergencial foi feito para um número menor de doses, e um segundo pregão está em fase de conclusão. "Não haverá falta de vacinas contra a Covid-19, a despeito da desinformação que acontece quanto a essas questões. No final deste mês já teremos condições de completar essa vacinação."

A titular do Ministério da Saúde disse que a procura também é baixa pela vacina contra a dengue, e que aguarda o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan para ampliação da oferta de doses. O fato de ser dose única facilitará a estratégia de vacinação, segundo a ministra.

Trindade citou a dengue como uma doença inserida num quadro de emergências climáticas, com incidência nunca vista e com extensão a países onde a doença não era uma realidade, como o Uruguai. "A dengue já foi vista como uma doença tropical e perdeu essa caracterização", afirmou a ministra, que prevê uma forte prevalência da dengue também em 2025.

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