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Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Disputa no fim do ano permitirá que Qatar receba a Copa da pressão

Tendência é que, em melhores condições físicas, atletas façam marcação mais agressiva

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São Paulo

O meia belga De Bruyne deixou o estádio Rei Baduíno, em Bruxelas, cabisbaixo depois de sua seleção ter sido derrotada por 4 a 1 pela Holanda, na primeira roda da Liga das Nações da Europa, em 3 de junho. "O corpo precisa tirar férias de vez em quando." Seguiu-se à frase o desabafo: "Não descanso há oito temporadas".

Se a Copa do Mundo fosse disputada no meio do ano, como sempre ocorreu, De Bruyne e os grandes jogadores da Europa não teriam férias completas outra vez. Será em novembro, para fugir do calor excessivo do Qatar entre junho e julho.

"Em termos de condicionamento físico, é inquestionável que será melhor em novembro, especialmente para os que jogam na Europa", diz Tite, técnico da seleção brasileira.

Xhaka, da Suíça, é pressionado por Llorente, da Espanha, em jogo da semana passada; triunfo espanhol foi definido em bola roubada no campo de ataque - Fabrice Coffrini - 9.jun.22/AFP

Há dois efeitos prováveis imediatos. O primeiro é que os craques vão jogar em alto nível, o que não se viu nas Copas do século. O segundo é que vai se dar bem quem marcar por pressão, mais perto do gol adversário.

Tite discute a segunda teoria, porque pode depender das características dos jogadores e das estratégias das seleções. As mais fracas abaixarão o bloco e tentarão o contra-ataque. As mais fortes, não.

A primeira tese leva a atenção ao que houve ao final das temporadas europeias, antes das Copas do Mundo do século 21. Zidane decidiu a Champions League em 15 de maio de 2002 com um sem pulo incrível, de pé esquerdo, que entrou no ângulo do goleiro Butt, do Bayer Leverkusen. Em 31 de maio, a França abriu a Copa do Mundo da Ásia, sem Zidane, machucado.

Naquela temporada, o Real Madrid disputou 66 partidas, e seu maior craque entrou em campo em 44.

Em 1986, Maradona entrou em campo pela última vez pelo Napoli em 27 de abril, término da Série A. Estreou na Copa do Mundo dia 2 de junho, 36 dias mais tarde, no ápice da forma física.

A temporada europeia não desgasta como a brasileira. O Liverpool disputou 63 jogos em 2021/22, sete a mais do que o Real Madrid, campeão da Champions League, 15 a menos do que o Palmeiras poderá fazer se completar todas as competições previstas. Mesmo assim, os maiores craques terminam a temporada europeia esgotados fisicamente, pelo número de jogos e intensidade maior do que havia na década de 1980.

De Bruyne, Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, Benzema e Mbappé, possíveis destaques da próxima Copa, chegarão ao Qatar com aproximadamente 15 partidas na temporada. Descansados. Isso vai permitir avanços táticos.

O maior deles ligado à intensidade do jogo, à capacidade de marcar o campo inteiro, de recuperar a bola mais perto da grande área. Jürgen Klopp diz que, na atualidade, não há camisa 10 como a pressão.

Isso ficou faltando na mais recente "data Fifa", concluída na terça-feira com goleadas da Hungria sobre a Inglaterra, no Reino Unido, e da Alemanha sobre a Itália, em Mönchengladbach. Os húngaros recuperaram a bola cinco vezes no ataque, os ingleses, nove, mas a defesa alta se tornou frágil para os contragolpes húngaros.

Na década de 1950, os húngaros surpreenderam a Inglaterra e impuseram a primeira derrota aos inventores do futebol dentro de casa. O 6 a 3 teve o talento de Puskás, Kocsis e Hidegkuti aliado à estratégia de aquecimento antes do pontapé inicial.

A Hungria de 1954 fez 2 a 0 antes dos 20 minutos no amistoso de Londres e em todas as partidas da Copa —exceto na semifinal contra o Uruguai, 1 a 0 aos 12 minutos e 2 a 0 aos 47. A Holanda e seu futebol total de 1974 espantaram o uruguaio Pedro Rocha, na estreia, ao tomar-lhe a bola com pressão no campo de ataque.

"O nível físico e desempenho dos jogadores dependem de muitos fatores. Mesmo com menos jogos na época, Argentina e Inglaterra fizeram jogo de baixa intensidade, no México, 1986, por causa da altitude. No Mundial de 2014, a Holanda teve três lesões musculares. Havia calor, viagens e a proximidade do fim da temporada. São exemplos", diz Daniel Gonçalves, coordenador do núcleo de saúde e performance do Palmeiras.

Desta vez, pode não ser.

"A pressão está ligada à questão física, mas não apenas a isso. Está também relacionada ao modelo tático que o treinador gosta. O erro pode ser fatal, por ser um jogo só, e times podem querer o contra-ataque", pensa Tite. "Também está ligada à caraterística dos atletas. No Corinthians de 2012, não dava para fazer perde-e-pressiona o tempo todo, porque Guerrero e Danilo não tinham essa característica. Na seleção, os jogadores dão essa condição. Outro fator é o calor. Está diretamente ligado ao ritmo."

Haverá temperaturas mais baixas no Qatar do que na Europa do meio do ano, mas não tanto quanto em abril, quando ocorrem historicamente as semifinais de Liga dos Campeões.

"Só em novembro vai haver certeza absoluta. Em teoria, esta Copa ser jogada com mais intensidade é muito plausível", prevê Daniel Gonçalves.

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