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Órgão federal quer impedir que MAM do Rio venda obra de Pollock

Museu quer leiloar pintura para se alinhar às contas e criar um fundo

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São Paulo
Obra 'No. 16' (1950) de Jackson Pollock - Divulgação

A fim de arrecadar dinheiro e montar um fundo, o MAM Rio quer vender a obra “No.16” (1950) do artista plástico Jackson Pollock (1912-1956).


Entretanto, em nota publicada nesta segunda (19), o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), autarquia ligada ao Ministério da Cultura, pede que a decisão seja suspensa. 


“Os preceitos éticos que norteiam a gestão dos museus acolhem a possibilidade de venda de obras unicamente se a renda obtida for integralmente destinada à aquisição de outras obras, dentro de uma política de aprimoramento de acervos”, afirma a nota do Ibram. 


“No caso presente, a situação é ainda mais delicada, por tratar-se da única obra do artista no acervo do MAM Rio”, diz ainda o texto.


Segundo Carlos Alberto Chateaubriand, presidente do museu carioca, estima-se que o quadro valha cerca de US$ 25 milhões (R$ 82 milhões). 


O plano de venda da obra foi publicado pelo jornal O Globo neste domingo (18).


“Nós somos uma instituição privada, sem fins lucrativos, não temos acervo tombado e não recebemos nenhuma ajuda de governo federal e nem municipal, ou seja, nós temos que cuidar de todos os nossos custos”, diz Chateaubriand à Folha, comentando a decisão. 


Em entrevista à Folha, Marcelo Araujo, presidente do Ibram, ressalta a grande relevância da obra, uma das poucas que sobreviveram ao incêndio do museu em 1978. 


“É a única pintura do Pollock em acervo público no Brasil. Em uma eventual venda de uma obra de acervo de museu, a renda tem que ser integralmente utilizada para a compra de outras obras.”


Ele afirma ainda que pediu ao MAM suspender a decisão para que, juntos, o museu e o Ibram, procurem outras soluções, que ele ainda não sabe ao certo quais seriam.


O órgão não tem poder jurídico para suspender o leilão. “É minha iniciativa ao fazer esse pedido e solicitação para que possamos pensar em uma alternativa”, diz Araújo. 


Chateaubriand diz que não “discutirá esse assunto com a imprensa”. “Isso tudo [discutir medidas alternativas] é muito bonito, mas como se pagam as contas? É preciso ver se essas medidas alternativas envolvem recursos significativos ao museu.” 


Por sua parte, o Ministério da Cultura informou que é favorável à decisão do museu.


“Ao buscar o modelo de endowment [fundo] para a construção de uma base financeira mais sólida, a instituição demonstra estar olhando para o futuro, alinhando-se com as tendências internacionais de excelência em gestão de museus”, diz o MinC em nota. 


Para que a venda aconteça, o Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) precisa aprovar a decisão do MAM, já que a obra pode ser vendida a alguma instituição internacional ou colecionador estrangeiro. 


Procurado pela reportagem, o órgão não respondeu até a conclusão desta edição. 

LEILÃO 

A obra em questão foi doada por Nelson Rockefeller, em 1952. Em nota, o MAM explica os motivos para a venda de um quadro de Pollock. 


Entre eles, está o fato de o artista não ser brasileiro, a obra não estar entre os carros-chefes da instituição e se tratar de uma pintura requisitada por museus no exterior, tendo relevância, portanto, no mercado internacional.


Além disso, o museu acredita que a verba que seria arrecadada com o leilão pode ser utilizada para a manutenção a longo prazo do MAM.


Segundo a assessoria de imprensa do MAM, a manutenção do museu exige ao menos, R$ 6 milhões anuais. Em 2017, o museu arrecadou pouco mais de R$ 4 milhões. 

 

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