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'O Colar de Coralina' não fala com crianças nem com adultos

Longa infantil com Letícia Sabatella traz as memórias de infância da escritora Cora Coralina

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São Paulo

O Colar de Coralina

Avaliação: Ruim
  • Classificação: Livre
  • Elenco: Letícia Sabatella, Rebeca Siqueira, Maria Coeli e Val Moreno
  • Produção: Brasil, 2017
  • Direção: Reginaldo Gontijo

“O Colar de Coralina” é um filme de propósitos nobres. Corteja a poesia, a simplicidade e o afeto ao apresentar para público infantil as memórias de menina de uma das poetisas mais importantes da literatura nacional. 

Também coloca à mesa temas ásperos como a rigidez na educação das crianças, os entraves pós-abolição da escravatura, as desigualdades de gênero, o moralismo e os preconceitos que marcavam a sociedade brasileira no final do século 19 —época em que se passa a trama.

As boas intenções, porém, acabam sufocadas por um vasto conjunto de equívocos. Elenco, roteiro, personagens, estrutura narrativa, ritmo, cenografia, figurino... Para onde quer que se olhe, há alguma (ou algumas) coisa (s) fora do lugar. 

O longa-metragem de Reginaldo Gontijo utiliza o poema “O Prato Azul-Pombinho”, de Cora Coralina, como fio condutor da história de Aninha (Rebeca Siqueira) —alusão ao nome verdadeiro da escritora, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. 

Menina frágil, desajeitada e avoada, ela vive tomando pito. Tem uma infância complicada numa casa com mais oito mulheres, chefiada por sua mãe, Jacinta (Letícia Sabatella), moça de fibra que decide “arregaçar as mangas” para enfrentar os problemas financeiros da família.

Avessa aos afazeres domésticos, Aninha prefere mergulhar nos livros e nos causos contados pela bisavó Antônia, especialmente naquele que desfia a lenda de uma princesa chinesa que foge para se casar com um plebeu, estampada no tal prato azul de porcelana. 

Aos espectadores, o romance proibido é ilustrado a partir de uma bela animação que dá movimento aos traços delicados pintados no fundo da louça. Um dos raros acertos da produção.   

As inconsistências se espalham por todos os lados. O elenco mirim inexperiente ensopa os diálogos de artificialidade enquanto as atuações teatrais e caricatas dos adultos destoam da espontaneidade que Letícia Sabatella imprime nas cenas. 

O mundo fantástico de Aninha é retratado com uma precariedade de recursos de nível quase amador. O simples que foi abocanhado pelo simplório e não consegue convencer ninguém. Assim como as ruas sempre vazias de uma cidade histórica na qual a trama acontece. Descuido, limitação ou licença poética incompreendida? 

As transições temporais desencaixadas fragmentam uma narrativa que se desenvolve a passos de tartaruga. O conflito central que poderia trazer ritmo ao filme surge tarde demais, e os assuntos cascudos mencionados anteriormente rodeiam a superfície do texto. 

Diante de tantas falhas, “O Colar de Coralina” encontra dificuldade para conversar com qualquer tipo de público e apenas se resume a uma ideia bonita, mas muito mal executada.

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