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Cinema

'Filhas do Sol' mostra mulher como soldado, em vez de vítima muda

Diretora oscila entre o pudor e o obsceno ao filmar violências, passando da nuance a excessos que o desequilibram

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Filhas do Sol

Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia nesta quinta (26)
  • Classificação: 16 anos
  • Elenco: Golshifteh Farahani, Emmanuelle Bercot, Zübeyde Bulut
  • Produção: França/Bélgica/Geórgia/Suíca, 2018
  • Direção: Eva Husson

Filmar a guerra implica, muitas vezes, vincular bravura e heroísmo a personagens masculinos e, em alguns casos, mostrar mulheres e crianças como vítimas mudas da barbárie. “Filhas do Sol” destoa desta tradição ao destacar uma personagem feminina como representante da resistência da minoria curda aos massacres promovidos pelo Estado Islâmico no Iraque.

O filme, dirigido pela francesa Eva Husson, não propõe uma simples troca de papéis, a substituição de um macho alfa por uma mulher Rambo. Bahar, a protagonista interpretada com brio pela iraniana Golshifteh Faraahani, assume a posição de combatente por sobrevivência, não por desejo de matar.

A personagem não é binária e logo descobriremos suas outras camadas. Sob a primeira imagem de combatente embrutecida, existe a advogada conscienciosa, a esposa apaixonada e a mãe afetuosa. Mais tarde, a guerreira se reumaniza quando assume o lugar de protetora do grupo.

Individualmente, Bahar revela a condição feminina sob o tacão fundamentalista e simboliza uma coletividade, a etnia curda, exposta à inimizade de governos e à fragilidade política.

A sobreposição de destino individual e coletivo não é, porém, a dificuldade em que “Filhas do Sol” tropeça. A narrativa começa seguindo o ponto de vista de Mathilde H., jornalista francesa cuja função de testemunha da história não demora a ser substituída pela perspectiva, mais íntima e vivida, da protagonista.

Desse modo, o filme investe na exposição das violências que Bahar sofre diretamente e das múltiplas crueldades infligidas ao grupo. Primeiro, os homens são eliminados, em seguida, as mulheres viram escravas sexuais e têm os filhos roubados.

Husson oscila entre o pudor e o obsceno ao filmar as violências. Se desloca a câmera em meio a um fuzilamento para focalizar somente as reações, não nos poupa da visão de corpos despedaçados.

De modo semelhante, o filme passa da nuance a excessos que o desequilibram. Depois de demonstrar habilidade ao passar da ação ao drama e desta à tragédia, a realizadora adota a ênfase com música emocionante demais e atuações exacerbadas, como se não acreditasse no próprio trabalho.

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